(Samuel Costa / Arquivo Hoje em Dia)
Desde a morte de um menino de 10 anos supostamente por febre maculosa, pais de Belo Horizonte estão temerosos em levar os filhos para os atrativos da Pampulha. Isso porque há suspeita de que o garoto, que faleceu no último dia 4, teria sido picado pelo carrapato-estrela - transmissor da doença - no Parque Ecológico da Pampulha. Ele visitou o local junto com um grupo de escoteiros e, pouco tempo depois, foi a óbito.
Áudios alertando sobre o perigo circulam nas redes sociais, principalmente pelo WhatsApp. A prefeitura, contudo, garante que não há risco para a população e que os locais são seguros. Mesmo assim, a consultora de vendas Luciana Cristiane Santos não pensa em levar os dois filhos, de 5 e 7 anos, até a área de conservação ambiental."Não levava antes porque me falaram que um homem teria contraido a doença lá e também pela presença das capivaras. Agora, como essa nova suspeita, não levo mesmo", confidenciou.
A professora Adriana Moreira também prefere cautela até o total esclarecimento do caso. Ela disse ter receio de ir com a filha de 11 anos e o filho de 7 até o parque e opta por passear com os pequenos em outros pontos turísticos. "Até que a resposta definitiva seja dada, é melhor evitar", defende. A docente frequenta a Pampulha com os filhos, mas não permite que eles brinquem na grama "para evitar o risco".
Apesar do executivo municipal reforçar que não tem registro de contaminação na região, o biólogo Diego Lara frisa que não se pode descartar o risco. "O risco existe porque o hospedeiro e carrapato estão lá", observou. O especialista lembrou que capivaras são comuns em vários pontos na Grande BH, contudo, na Pampulha a situação é mais relevante pelo fato de ser utilizada pela população. "Não digo que é o caso de proibir a visitação, mas tem que tomar cuidado", enfatizou.
Morte suspeita
A causa da morte do menino ainda está sendo investigada pela Fundação Ezequiel Dias (Funed), que analisa materiais biológicos coletados da vítima. O resultado deve ser divulgado nos próximos dias. Enquanto o laudo não sai, além da febre maculosa, a Prefeitura de BH trabalha com várias hipóteses para a morte, incluindo dengue e leptospirose.
Ainda conforme o executivo municipal, nos últimos dois anos nenhum caso de febre maculosa foi registrado na capital. Das 72 notificações em 2015 e 2016, todas foram investigadas e descartadas, de acordo com levantamento da Secretaria Municipal de Saúde (SMSA).
No Estado, neste ano, cinco pessoas foram infectadas e duas morreram por febre maculosa. Em 2015 foram registrados 18 casos com seis óbitos. O surto da doença em Minas aconteceu em 2008, quando dez pessoas perderam a vida por causa da febre maculosa.
Segurança
Para manter a enfermidade fora de circulação em BH, especialmente nos locais frequentados pelos animais, ações preventivas são realizadas para evitar a incidência de carrapatos. No caso específico do Parque Ecológico, toda a área de conservação ambiental foi cercada pela Fundação Zoo-Botânica (FZB-BH), em junho de 2013, impedindo, assim, a entrada de animais hospedeiros dos parasitas. Além disso, desde 2014 a Gerência de Controle de Zoonoses estuda e monitora o vetor da febre maculosa na Pampulha.
Queda de braço
A polêmica envolvendo as capivaras que habitam a Pampulha se arrasta há anos. A prefeitura tenta retirar os roedores da região e chegou a remanejar os animais para uma área fechada. Porém, após a mortandade dos animais, no ínicio deste ano a Justiça Federal mandou liberar os bichos na orla da Lagoa da Pampulha.
Na época, 14 animais foram soltos e nenhum apresentava bactéria de febre maculosa. A PBH recorreu e, desde março, batalha para reverter a decisão para voltar a alojar as capivaras na Fundação Zoo-Botânica de BH.
A Secretaria Municipal de Meio Ambiente não se manifestou sobre o caso. O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), por sua vez, informou que é responsável somente por espécies exóticas e ameaçadas de extinção, não sendo o caso das capivaras. SES/Divulgação