Paixão declarada por Belo Horizonte

Patrícia Santos Dumont - Hoje em Dia
12/06/2014 às 07:55.
Atualizado em 18/11/2021 às 02:58
 (Flávio Tavares/Hoje em Dia)

(Flávio Tavares/Hoje em Dia)

Eles decidiram escancarar o que sentem. Não por uma pessoa, mas pela cidade onde escolheram viver. Nesta quinta-feira (12), Dia dos Namorados, uma estilista, um escritor, um músico e um artista plástico declaram o amor (antigo) por Belo Horizonte. Pelas mãos deles, a capital dos mineiros ganhou presentes vindos do coração.   A designer de calçados Virgínia Barros, de 39 anos, nem precisou nascer aqui para se render aos encantos da cidade que a acolheu. Viu despertar, com a profissão, a admiração pela arquitetura. O resultado? Uma coleção de calçados femininos inteirinha inspirada nas curvas que Oscar Niemeyer imprimiu sobre a capital.   Igrejinha da Pampulha, Casa do Baile, Edifício Niemeyer, Conjunto JK, Colégio Estadual Central e até a Cidade Administrativa ganharam contornos novos nos solados das plataformas, nas tiras das sandálias e nos calcanhares dos sapatos.    Vida nova pelas mãos habilidosas da gaúcha, de Canoas, que mora em BH há 38 anos, 12 deles dedicados ao ofício da criação de calçados.    “Minhas coleções são muito ligadas a Minas e ao que temos aqui. Quis dar um toque moderno e trabalhar com a Belo Horizonte que me encanta muito. Temos tantos lugares gostosos para ir, que fica até difícil escolher um. Mas, para mim, além das curvas que amo tanto, a Savassi é onde gosto de estar”.   Ao todo, são 21 calçados, dentre sandálias de salto, rasteirinhas, escarpins e pee toes. E, em todos, o segredo de um trabalho que tem como base a relação de amor por cada pedaço da cidade.   AH, a SERRA!   E não são só as curvas de concreto que saltam aos olhos de quem já se declarou apaixonado por este belo horizonte. Nas linhas escritas por Luís Giffoni, de 64 anos, é a Serra do Curral que ganha novos limites. No livro, que leva o nome do imponente monumento, o 21º da coleção “BH: A cidade de cada um”, há curiosidades de uma das mais marcantes paisagens da capital.    Para ele, amante antigo das formas que emolduram a cidade, a obra é a possibilidade de concretizar um caso antigo de amor. “Moro em Belo Horizonte há 54 anos e sempre tive um encantamento muito grande pela serra. Ela sempre esteve muito próxima de mim. Por morar no Mangabeiras, sempre a via do meu quarto, da janela, desde muito pequeno”, diz.   Todas as Minas Gerais   Mineiro de Baependi, no Sul do Estado, Luís conta que escalou a serra pela primeira vez quando ainda era um garoto de 13 anos. “Foi tudo escondido. Fui com uma turma de amigos e escalamos pela trilha mais difícil. Quando chegamos ao topo, foi uma conquista”, lembra.    Para o escritor, o que faz de BH um lugar especial são as pessoas, as amizades e os amores. E ele define. “BH é a sombra do Estado. Aqui, desembocam todas as Minas Gerais. Somos um retrato muito estável e profundo dessa simpatia que o mineiro exala”.   Cidade inspira músico do Tianastácia e artista plástico   O músico Beto Nastácia e o artista plástico Rafael Abreu seguem rumos distintos no mundo das artes. Em um município com 2,4 milhões de habitantes, é razoável que eles não se conheçam. Porém, carregam na trajetória uma característica em comum. Deixaram, em algum momento da carreira, se influenciar pela cidade de Belo Horizonte.   Beto, baixista da banda Tianastácia, ama BH pelo que ela guarda, principalmente os amigos e a família. Belo-horizontino nato, daqueles que passa tardes inteiras na Praça do Papa, compôs um “poema-música” para homenagear a terra querida. “Bondosa”, como foi batizada, é um acróstico, composição poética em que o conjunto das letras iniciais dos versos forma, verticalmente, uma palavra, neste caso, “Belo Horizonte”.    “Tenho raízes aqui e me sinto muito à vontade, sempre, apesar de alguns pontos negativos, comuns a qualquer cidade grande. Aqui, me sinto à vontade, seguro, tenho amigos e família. Viajamos, tocamos fora, ficamos ausentes, mas a melhor hora é quando voltamos pra casa. E BH é a nossa casa”, diz Beto, que guarda carinho especial pelas imediações da Praça do Papa, no Mangabeiras, onde nasceu e foi criado.   BH no coração   Outra praça-símbolo da cidade, a da Liberdade, inspira Rafael Abreu. É onde o artista plástico se sente mesmo em casa. Ele já carimbou seu estilo e deixou marca registrada em três exposições dedicadas à capital.    Em “Memória da Cidade”, Rafael, que segue os passos do pai, Gilberto, criou dez telas retratando a BH do coração. As obras são uma homenagem ao arquiteto italiano Raffaello Berti (1900-1972) e a Belo Horizonte. “Sou desprovido financeiramente e minhas viagens são todas virtuais ou pela leitura. Nesse contexto, é BH que alimenta toda minha inspiração. É da cidade onde vivo que nascem as ideias para trabalhar”, diz.   A sede da Santa Casa, o Minas Tênis Clube, o Hospital Felício Rocho, o Museu Inimá de Paula e o extinto Cine Metrópole foram traduzidos em riscos firmes e de muita personalidade. Lugares como o viaduto Santa Tereza e a Praça da Liberdade também foram imortalizadas na tela. E a paixão não tem data de validade nem hora para acabar. “Ainda pretendo fazer muita coisa em homenagem à minha cidade natal. Já estou planejando a próxima exposição”.

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