(Léo Lara)
TIRADENTES – É dona Leonor quem, literalmente, põe o bloco na rua. Aos 76 anos, a professora aposentada está à frente do Palhaçada, um dos blocos carnavalescos mais populares da pequena cidade histórica mineira, criado há sete anos e que, nos festejos de 2015, contou com a participação de 2 mil foliões.
“Tem gente que me chama de maluca, por botar muito dinheiro meu. Mas sou doida mesmo: de alegria”, registra a professora aposentada. Ontem, ela “cedeu” o bloco que criou para o tradicional Cortejo da Arte, passeio musical promovido desde a primeira edição da Mostra de Cinema de Tiradentes, que acontece até o dia 30.
Nascido também para comemorar o aniversário do antigo Arraial de São José del-Rei, que está completando 312 anos, o cortejo aproveitou a proximidade com a maior data festiva do país para encher de cores e animação as ruas, de acordo com a produtora musical Silvia Ferreira, responsável por reforçar o passeio com figuras históricas de Tiradentes e região.
Diálogo
“Não queremos que outras expressões artísticas que não sejam cinema se transformem apenas numa programação paralela. Por isso buscamos o diálogo com as temáticas da Mostra. Neste ano, o tema é ‘Espaços em Conflito’. E o que é o carnaval senão isso, um espaço imaginário onde podemos expressar nossos conflitos?”, questiona.
Outro convidado ilustre foi o artesão Mestre Quati, que confecciona sozinho bonecões para o carnaval da vizinha São João del-Rei. “É uma forma de a gente valorizar o trabalho feito aqui”, registra a produtora.
Para ficar na história
Dona Leonor nunca tinha feito nada relacionado à arte até o dia em que, já sentindo o passar dos anos, resolveu que queria marcar a própria passagem nessa vida, como ela mesma detalha.
“Alguém me disse para ser algo que envolvesse a minha fé, sobre (Nossa Senhora do) Rosário, mas acabei montando um bloco com palhaços. O palhaço é alegria, magia e mistério”, diz.
A professora aposentada gastou R$ 10 mil no carnaval do ano passado com a produção das fantasias e alegorias, além da contratação de uma banda com 40 músicos e de uma empresa de fogos de artifício. “Para ficar bonito, sai caro, mas é um prazer que eu tenho”.