Panfletos contra o vírus zika em grande ação neste sábado na capital

Renato Fonseca - Hoje em Dia
13/02/2016 às 07:22.
Atualizado em 16/11/2021 às 01:24
 (Frederico Haikal / Hoje em Dia)

(Frederico Haikal / Hoje em Dia)

Tampar a caixa d’água, colocar garrafas vazias viradas para baixo, deixar o quintal limpo. Permanentemente repetidos, os mantras do combate ao Aedes aegypti serão reforçados neste sábado (13) pelas Forças Armadas. Onze mil militares estarão nas ruas para distribuir panfletos sobre o vetor da dengue, chikungunya e zika. Apesar de ter sido anunciada com pompa pelo governo federal, a ação tem eficácia limitada e pouco vai contribuir na guerra ao mosquito, garantem especialistas.

A ajuda do intitulado Dia Nacional de Mobilização chega num momento crítico, após a comprovação de o vírus zika potencializar a má-formação em fetos. Neste sábado estão previstas apenas orientações aos moradores de 22 dos 853 municípios mineiros. Varreduras nos imóveis com o auxílio dos homens do Exército, Marinha e Aeronáutica estão previstas somente n a semana que vem.

Coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) em Dengue, Mauro Teixeira avalia de forma positiva as campanhas de conscientização, mas é categórico ao afirmar que a medida “pouco acrescenta”. “É uma ação pontual, de poucos dias. Não será contínua. Isso vai controlar as doenças? Não. Diminuir? Talvez um pouco, e só”, diz o professor da UFMG.

O consultor ambiental Diego Lara faz criticas ainda mais duras. “Panfleto não repele mosquito”, afirma o biólogo, que acrescenta. “Nós estamos no século 21. Em plena era da internet e das redes sociais estamos usando militares para distribuir material impresso nas ruas”.

Novas posturas das administrações públicas como investimento em tecnologias, agilidade nos diagnósticos e melhorias no saneamento básico e na coleta de lixo estão entre as medidas prioritárias, diz Lara.

 

 

O coro da necessidade de investimento maciço em outras medidas é engrossado pela infectologista Virgínia Zanbelli, que atua na área há 15 anos. “O dinheiro direcionado para pesquisas é bastante limitado. É preciso concentrar esforços nas vacinas”, diz a médica. Ela também destaca a necessidade de conscientização, mas diz que criar um “Dia D” é pouco, mesmo em âmbito nacional.

Chefe da seção de comunicação social da 4ª Região Militar de Minas, o tenente-coronel Rolszt classifica como de “suma importância” a presença dos militares. Para o oficial, há dois aspectos relevantes. “Primeiro, a capilaridade. Estamos espalhados por todo o país. Segundo, a credibilidade da instituição, o que ajuda a sensibilizar a população”.

Conforme o governo federal, informações sobre a mobilização seriam passadas pelo Ministério da Defesa. A pasta, porém, se limitou a informar como será a ação e não se manifestou sobre as críticas.
 

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