Resultado de características herdadas e do ambiente em que se vive, a voz é a ferramenta de comunicação mais imediata de interação com a sociedade.
Mas, apesar da importância, é um elemento do corpo com o qual se tem pouca ou nenhuma preocupação. Para chamar a atenção para os cuidados que se deve ter com a fala, celebra-se, em todo mês de abril, o Dia Mundial da Voz.
“Dormir pelo menos oito horas por noite, alimentar-se bem e tomar pelo menos 1,5 litro de água diariamente são algumas das atitudes diárias que devemos ter para preservar a voz”, explica a fonoaudióloga Claudia Ligocki, presidente do Conselho Regional de Fonoaudiologia da 6ª Região (Crefono).
Cuidados que nem sempre o âncora da rádio 98FM Antonélio Souza, de 42 anos, que trabalha há mais de duas décadas com a voz, toma. “O que eu evito mesmo são as bebidas geladas e o consumo excessivo de álcool, mas não posso dizer que tenho uma vigilância quanto a isso”, diz.
Sensível
Movimento contrário ao do jornalista é feito pelo músico Kadu Vianna, de 36 anos. Ele afirma precisar de uma série de cuidados constantes, pois tem uma voz sensível.
“Sofro muito com as variações climáticas. Se me exponho ao frio, fico rouco e tenho tosse. Tento evitar ar-condicionado porque provoca um ressecamento das minhas cordas vocais”, destaca o cantor.
Para profissionais como eles, Claudia Ligocki aconselha o aquecimento vocal antes do uso prolongado da fala. Mas nem sempre a rotina permite que Antonélio faça um correto aquecimento como indica a fonoaudióloga.
“Começo a trabalhar às 6h da manhã, então, o tempo entre acordar e chegar na rádio é muito curto. Geralmente, faço os exercícios no carro a caminho do trabalho”, diz.
Apesar de criterioso, Kadu Vianna não executa o aquecimento imediatamente antes das apresentações. “Em dia de show, vou despertando a voz aos poucos, desde o acordar. Costumo não falar muito e, ao longo do dia, vou fazendo exercícios vibratórios para liberar as cordas vocais”, explica.
Problemas
Observar sempre as mudanças na voz é uma das dicas que Claudia Ligocki dá para manter a fala saudável. “Nenhuma alteração vocal é normal. Por isso, é preciso consultar um médico para investigar o que está causando o problema”.
Recorrer a receitas caseiras e/ou pastilhas de menta e gengibre em momentos de rouquidão ou dor de garganta pode trazer piora aos sintomas, explica a articuladora regional do Departamento de Voz da 6ª Região da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, Juscelina Kubitscheck.
“A maioria desses paliativos provoca uma anestesia do trato vocal, o que favorece o esforço e consequente prejuízo da voz”. Divulgação / N/A
Kadu Vianna conta que noites bem dormidas são essenciais para o bom desempenho da voz
Condicionamento da voz previne alterações
Por meio da voz é possível perceber as condições físicas do indivíduo, bem como a idade e o estado emocional. Assim como o corpo, ela também passa por um processo de envelhecimento e pode ser mantida jovem por mais tempo caso receba os cuidados adequados.
Para aquelas pessoas que não gostam da própria voz, a especialista Claudia Ligocki explica que é factível promover mudanças para melhor com condicionamento do trato vocal.
“O fonoaudiólogo vai trabalhar com o paciente um ajuste do aparelho fonador, que é modificável assim como o resto do corpo. A voz pode ficar mais parecida com o biotipo, com o que a pessoa quer, com o cargo que exerce”, conta.
Nódulos
O uso inadequado da voz ter como consequência o surgimento de nódulos nas cordas vocais. Quando isso acontece, o tratamento adequado é a fonoterapia, conforme explica a fonoaudióloga Juscelina Kubitscheck.
“Dificilmente um médico indicará uma cirurgia para nódulo, a não ser que ele seja muito antigo e já esteja fibroso. Do contrário, o tratamento para a maioria dos casos é a fonoterapia, que vai promover a absorção desse nódulo. O primeiro passo é procurar um otorrinolaringologista”, observa.Editoria de Arte