(Maurício Vieira)
A tarifa de ônibus em Belo Horizonte pode sofrer novo reajuste e saltar de R$ 4,05 para nada menos que R$ 4,50. O Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (Setra-BH) solicitou à prefeitura, nessa sexta-feira, o aumento de 10,5% na passagem, alegando a escalada do preço do óleo diesel neste ano.
A capital mineira tem hoje uma das tarifas de ônibus mais caras do país. O valor supera o de metrópoles como São Paulo e Rio de Janeiro, onde os passageiros pagam R$ 3,80. Em Brasília, o valor chega a R$ 3,50. Já em Vitória (ES), a R$ 3,20.
Quem precisa do transporte coletivo para se locomover pelo município repudia qualquer possibilidade de aumento. É o caso da auxiliar de limpeza Fabiane Ramos, que arca com quatro passagens por dia. Para ela, o desembolso diário apenas para ir e voltar do trabalho poderia chegar a R$ 18 com um possível reajuste. “É um absurdo. O salário nunca cresce na mesma proporção. Aumentar a passagem na situação em que o trabalhador está é um enorme desrespeito”, protesta.
Já a administradora de empresas Jaqueline Oliveira, que também é usuária do sistema de transporte, alega que o acréscimo é desproporcional. “São R$ 0,45 de uma única vez. O que justifica um salto tão grande na tarifa?”.Maurício Vieira
Custos
De acordo com a Agência Nacional do Petróleo (ANP), o aumento do óleo diesel em 2017 foi de 13,24%. No entanto, segundo o Setra-BH, as notas fiscais das 40 empresas de ônibus da cidade indicam um gasto 14,73% maior, sem contar os custos com a mecânica dos veículos e salários dos funcionários.
A BHTrans afirmou, por nota, que irá “estudar a proposta” apresentada pelo sindicato. Nesses casos, empresas e prefeitura abrem rodadas de negociações para discussão do pedido.
Na tarde de ontem, pelo Twitter, o prefeito Alexandre Kalil tentou tranquilizar a população. “Aumento de 10,5% na tarifa? Calma, gente. Belo Horizonte tem Prefeito”, escreveu.
Cálculo
Segundo a BHTrans, o cálculo do reajuste é feito a partir de uma fórmula que leva em consideração a variação anual dos preços dos cinco itens mais importantes na prestação do serviço. São eles: mão-de-obra, óleo diesel, preço dos ônibus, despesas administrativas e rodagem, que inclui gastos com pneus, câmara de ar e recapagem.