A construção de uma passarela em frente à Cidade Administrativa, demanda antiga de pedestres que se arriscam ao atravessar a MG-010, em Belo Horizonte, esbarra em questões “estéticas”. De acordo com a promotora de Meio Ambiente de Belo Horizonte, Marta Alves Larcher, para modificar o entorno do centro administrativo projetado por Oscar Niemeyer, é necessário um parecer favorável do escritório que leva o nome do arquiteto, no Rio de Janeiro.
Há um ano, o Hoje em Dia mostrou que, em um quilômetro da rodovia, seis pessoas morreram atropeladas, entre 2010 e abril de 2012. A Polícia Militar Rodoviária não disponibilizou dados atuais, mas os acidentes continuam. Na segunda-feira, uma jovem de 22 anos foi atropelada ao tentar atravessar a MG-010, onde veículos trafegam a mais de 100 km/h. A vítima foi internada com ferimentos generalizados.
Marta Larcher reúne documentação que pode embasar uma ação judicial contra o Estado. A impossibilidade de interferir na arquitetura do entorno da Cidade Administrativa está em uma comunicação datada de 27 de maio de 2012, assinada pelo diretor-geral do DER-MG, José Élcio Santos Monteze, e entregue à promotoria.
De acordo com o documento, a consulta ao escritório de Niemeyer já teria sido realizada, mas, até a última quarta-feira (29), não havia resposta. No comunicado, Monteze alega que, durante a execução da obra da Cidade Administrativa, o assunto da passarela foi discutido, “mas o escritório (de arquitetura) não apresentou solução para o problema”. O diretor-geral do DER-MG não foi localizado na última quarta-feira (29) para comentar o assunto.
Por baixo
A promotora de Meio Ambiente sugere que o DER-MG apresente um estudo de viabilidade sobre a construção de uma passagem subterrânea. O próprio órgão alega impossibilidade financeira de se construir uma passagem elevada: como o vão seria de cerca de 500 metros, a passarela não custaria menos de R$ 3 milhões.
O DER-MG expediu na última quarta-feira (29) nota oficial sobre os atropelamentos. A posição é a mesma divulgada em maio do ano passado, ou seja, de que o número de passagens é suficiente. Nos três quilômetros do trecho compreendido entre o viaduto de entrada para Santa Luzia, no bairro São Benedito, até o posto da Polícia Rodoviária Estadual, no bairro Morro Alto, existem seis opções de travessia de pedestres.
“Caberá aos pedestres, para a realização de uma travessia segura, utilizar apenas os locais onde estão instaladas as passarelas ou a passagem inferior, junto ao túnel”, informa o a nota.