A previsão de 500 mil turistas no Carnaval de BH fez a prefeitura perceber na festa uma ótima oportunidade para divulgar a maior joia do patrimônio da cidade, o conjunto moderno da Pampulha.
Equipamentos culturais como as casas do Baile e Kubitschek ficarão abertos para visitação sábado e domingo. Os espaços receberão programação especial.
Ainda na região da Pampulha, haverá desfile do tradicional bloco Zé Pereira, de Ouro Preto, na região Central de Minas, pela orla da lagoa na segunda-feira, e do grupo Monobloco, do Rio de Janeiro, no entorno do Mineirão, na terça. As ações contribuem para descentralizar o Carnaval de BH, concentrado nas regiões Centro-Sul e Leste.
Além das atrações criadas pela prefeitura, bairros da Pampulha recebem 12 blocos durante os dias da festa, sendo que alguns devem receber um grande público, como o Baianeiros, no bairro Castelo, e o Bloco da Proibida, no Santa Amélia.
Sem Impacto
De acordo com o presidente da Fundação Municipal de Cultura, Leônidas Oliveira, toda a programação foi planejada para não impactar o conjunto arquitetônico, declarado Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco, em 2016.
“Optamos por eventos de pequeno porte, que tenham relação com o patrimônio. O Zé Pereira, por exemplo, vem da histórica Ouro Preto. Queremos que as pessoas usufruam do patrimônio, mas com critérios”, observa.
Acompanhamento
Todos os municípios de Minas em que há edificações tombadas receberam orientações sobre como combinar o Carnaval com a preservação patrimonial, segundo a presidente do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha), Michele Arroyo.
O órgão indica que os banheiros públicos, palcos, arquibancadas, caixas de som, entre outros, devem ser instalados de forma afastada dos imóveis e monumentos culturais.
“Fazemos um acompanhamento do estado de conservação dos núcleos protegidos antes e depois do Carnaval. Se verificarmos algum dano ao patrimônio, entramos em contato com a prefeitura ou com um promotor”, afirma Michele.
Informações sobre a programação nos equipamentos culturais podem ser obtidas no carnavaldebelohorizonte.com.br.
Fenômeno do Carnaval do Rio de Janeiro, Monobloco irá se apresentar no entorno do Mineirão, na terça-feira
A iniciativa da banda aconteceu depois que um dos integrantes do projeto carioca, Celso Alvim, veio a BH para ministrar oficinas aos integrantes do bloco Unidos do Samba Queixinho, que desfila na Pampulha, na terça de Carnaval. Confira entrevista com os líderes do Monobloco:
Como começou a parceria com o Queixinho?
Celso Alvim – Fui convidado a dar algumas oficinas para o pessoal do Queixinho e surgiu o convite do Gustavo Caetano (representante do bloco) para que trouxéssemos a oficina do Monobloco para BH, a partir de uma visão dele de que poderíamos contribuir para a formação musical dos batuqueiros da cidade. As oficinas acontecem no galpão do Queixinho e o Gustavo tem sido nosso parceiro.
Como surgiu a vontade de trazer o Monobloco para o Carnaval de BH?
Celso Alvim – O convite do Gustavo veio na mesmo momento em que estávamos planejando a expansão das oficinas, após o sucesso do nosso desfile em São Paulo, no Carnaval de 2016.
O desfile por aqui será nos mesmos moldes do Rio?
Celso Alvim – Sim. Teremos a nossa bateria mineira, tocando o repertório do Monobloco. Pensamos em fazer no entorno do Mineirão para proporcionar um desfile mais confortável para o público e para os batuqueiros. O nosso repertório é bem variado e acho que vai casar com a variedade musical dos blocos do carnaval de BH. Esperamos que seja o primeiro de muitos desfiles na cidade.
Como é o custeio do desfile na capital mineira?
Pedro Luís – Os custos são pagos com recursos próprios do Monobloco. Temos um contrato com a Ambev que ajuda parcialmente nas despesas de logística.
Qual a impressão de vocês sobre o Carnaval de BH?
Pedro Luís – A melhor possível. BH é uma cidade culturalmente incrível e vem desenhando seu Carnaval de rua de uma maneira muito própria. Estamos trazendo a nossa experiência com todo o respeito ao jeito como os mineiros vêm conduzindo o seu Carnaval.
Celso Alvim é percussionista e integra o Monobloco desde o ano 2000. O músico Pedro Luís é guitarrista e vocalista da banda. Ele foi um dos fundadores do grupo carnavalesco.