Após mais uma etapa de avaliação, a Prefeitura de Belo Horizonte está confiante de que o Conjunto Moderno da Pampulha ganhará da Unesco o reconhecimento de Patrimônio Cultural da Humanidade. Apesar do otimismo, ainda há muito trabalho pela frente. Dentre as pendências, está a negociação de uma obra milionária no Iate Tênis Clube, que demandará dinheiro público.
O estado em que o clube se encontra hoje é uma “pedra no caminho”, informou o presidente da Fundação Municipal de Cultura, Leônidas de Oliveira. Segundo ele, um pavimento construído nos anos 80 – onde funcionam a academia de ginástica e o salão de festa – ofusca a vista da lagoa. E os jardins de Burle Marx sofreram com a ação do tempo.
“O edifício perdeu características originais desenhadas por Oscar Niemeyer. No entanto, a direção do estabelecimento alega não ter verba para as obras, orçadas em R$ 8 milhões. A prefeitura pode assumir essa responsabilidade, desde que receba algo em troca”.
A contrapartida, segundo Oliveira, é a autorização para visitas do público ao salão Portinari e aos jardins de Burle Marx, nas dependências do clube.
Outro Lado
Vice-presidente do Iate Tênis Clube, Zaner de Araújo garante não haver objeções à abertura de espaços para a população. No entanto, projetos e recursos para as obras só serão avaliados após a Unesco conceder, de fato, o título à Pampulha.
Lagoa
Outro desafio a ser vencido nos próximos anos é a despoluição da Lagoa da Pampulha, que, ainda hoje, recebe cerca de 80 litros de esgoto a cada segundo. Embora a prefeitura garanta que a sujeira do espelho d’água não influencie na decisão da Unesco, a degradação foi notada pela missão técnica, que solicitou, inclusive, uma visita à Copasa.
Diretor de Planejamento e Gestão de Empreendimentos da empresa, Ronaldo Matias esclareceu que, até o momento, 90% do esgoto que costumava ser lançado na lagoa foi desviado. A promessa é a de que, até o fim de 2016, esse percentual chegue a 95%.
Enquanto a meta não é alcançada, a prefeitura faz planos. “Iremos contratar pequenas estações de tratamento para os córregos que lançam água na Pampulha. Já estamos preparando as licitações”, disse o prefeito Marcio Lacerda. Além disso, já há verba assegurada para o tratamento da água represada.
Recursos para as reformas da Igrejinha e do Museu de Arte estão assegurados
A Igreja de São Francisco de Assis e o Museu de Arte da Pampulha também fazem parte do pacote de obras a serem realizadas nos próximos anos pela prefeitura.
Segundo a superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em Minas, Célia Corsino, as intervenções nos edifícios, orçadas em R$ 7 milhões, serão bancadas pelo governo federal, por meio do programa PAC Cidades Históricas. “Demoramos muito para concluir o projeto executivo porque foi tudo muito bem especificado. Estamos certos de que todos os problemas que existem hoje nesses espaços serão resolvidos”, informou.
A licitação para a reforma da Igrejinha foi publicada em setembro. A previsão é a de que, na próxima semana, seja divulgado o nome da empresa responsável pela realização dos trabalhos.
As intervenções no Museu de Arte da Pampulha devem demorar um pouco mais. A verba só foi liberada há três dias, explica Célia Corsino.
Prazos
A prefeitura reconhece que nem todas as obras ao redor do principal cartão-postal de Belo Horizonte ficarão prontas até junho de 2016, data prevista para a decisão da Unesco, em uma reunião na Turquia. As pendências, porém, não são mal-vistas pelo Executivo.
“Nenhum problema foi ocultado. Eles têm conhecimentos das nossas mazelas, mas mostramos o empenho em solucionar essas questões. Mostramos todas as diretrizes e acreditamos que eles confiarão no nosso trabalho”, disse Leônidas Oliveira.