(Eugênio Moraes)
A expectativa de vida cresceu, mas ultrapassar os 100 anos ainda é um fato notório. Mas mais difícil que chegar aos 100 é fazê-lo com saúde. Aí já é coisa de super herói. “Eu não sou super herói não! Super herói é só aquele que salva vidas, não é?”, indaga Otacílio Ferraz, pernambucano de coração mineiro, residente em Belo Horizonte há mais de 50 anos e que chegará em breve aos 102 anos de vida. E quem quiser seguir os passos do patriarca da família, anote aí os passos. Acordar às 7 horas. Passear pela casa esperando o restante da família acordar. Tomar um café reforçado. Descer para buscar os jornais e ler todos eles. “Amo ler. só assisto televisão quando não tem mais nada pra ler. Às vezes fico com as vistas ardendo e vou reclamar com a minha filha, e ela fala que é porque eu leio demais”, conta o senhor, que nunca usou óculos. Tem mais Pensa que acabou? Depois da leitura, hora dos exercícios físicos. A caminhada é de mais ou menos 10 voltas pelo espaço de convivência do prédio onde mora na região central de BH. Questionado sobre como ele conta as voltas que dá, ele esclarece: “Antes de descer encho o bolso de feijões. A cada volta que dou, jogo um no chão. Quando cansar, é só parar para contar quantos tem”. A natação também está entre os esportes preferidos do pernambucano, mas ele agora só pode praticar com a supervisão de um acompanhante. “Recomendações médicas”, esclarece Grace Ferraz, filha de Otacílio. O motivo? “É porque ele mergulha demais. Fica pulando na piscina de cabeça”, esclarece. Está sentindo falta de algo na rotina dele? “Não tomo remédios. Nenhum! Só um pra dormir, se não fico acordado o tempo todo!”, brinca. E quanto as visitas ao médico? “Ele sempre vai, mas nunca sai de lá com receita. Está sempre sem nenhum problema de saúde”, diz a filha de Otacílio. Questionado sobre sua vitalidade, Otacílio acredita que o segredo está no jeito simples da vida que sempre levou. “Vivi algum tempo no interior mas sempre me mudei muito por causa do trabalho”, conta o mestre de obras. Com cinco filhos e sete bisnetos, o idoso é um verdadeiro orgulho para a família. Voltando a falar de super heróis, Otacílio tem uma admiração especial por um, que veio do mesmo lugar que ele: o Nordeste. “Eu vivi na época de Lampião. Antes mesmo de ele se tornar cangaceiro! Ele ia onde eu morava vender as coisas que produzia em sua fazenda. Várias vezes deixou o burro dele na fazenda do meu pai. Uma vez encontramos o bando dele em uma das nossas viagens. Eles apontaram todas aquelas armas pra gente e de repente, ouvimos a voz do Lampião perguntando quem era. Quando meu pai respondeu, ele ordenou que todos abaixassem as armas”, conta animado. Quando encontrar Lampião, do outro lado da vida, aquela que Otacílio tanto acredita, talvez ele é que reconheça o quão herói foi, e não apenas por ter chegado aos 100 anos. Atividades físicas na terceira idade Segundo a Dra. Karla Giacomin, médica geriatra e doutora em Ciências da Saúde pela FIOCRUZ, as atividades físicas após os 60 anos acarretam diversos benefícios para o corpo. “Recondicionamento cardiorrespiratório, estímulo à socialização, sentimento de bem estar, melhora na auto-estima e prevenção da osteoporose. Todos esses itens podem ser citados como melhorias na saúde do idoso que pratica exercícios físicos”, esclarece a geriatra. A prática pode ser feita em grupo ou individual. “A decisão de se exercitar sozinho ou com outras pessoas é pessoal e fica a cargo do idoso. Porém, os exercícios feitos em grupos favorecem a adesão e incentivam os idosos a deixarem a preguiça de lado”, diz Giacomin.