Pesquisa da UFMG mostra fármaco que protege coração de mulheres na luta contra câncer de mama

Da Redação
horizontes@hojeemdia.com.br
01/10/2018 às 17:41.
Atualizado em 10/11/2021 às 02:44
 (Carol Morena/UFGM/Divulgação)

(Carol Morena/UFGM/Divulgação)

Pesquisa desenvolvida pela Faculdade de Medicina da UFMG apresentou os benefícios de um fármaco na proteção do coração de pacientes que enfrentam quimioterapia. Certos medicamentos podem impactar no funcionamento do órgão de parte das mulheres em tratamento contra o câncer de mama. O remédio em questão é o Dexrazoxano, que tem a capacidade diminuir em até 80% o risco de insuficiência cardíaca nessas pacientes.

O levantamento da cardiologista Ariane Vieira Scarlatelli Macedo, pesquisadora do Programa de Pós-Graduação em Ciências Aplicadas à Saúde do Adulto da faculdade, apontou que o uso de quimioterápicos como a Antraciclina, associada ou não ao Trastuzumabe, tem como possível problema as complicações cardiológicas.

“A prevalência de pacientes que desenvolvem insuficiência cardíaca gira em torno de 3% a 5%, a depender da dose utilizada. Essa complicação, por vezes, pode ser grave, podendo levar a paciente ao óbito”, informa a médica. 

O percentual é importante quando aplicado sobre os milhares de casos anuais da doença. Somente em 2018, o Instituto Nacional do Câncer projetou em torno de 60 mil novas ocorrências da enfermidade. “Trazendo mais dados para os cardiologistas e oncologistas, acredito que possamos ampliar a utilização desta droga, acreditando na potência dela como protetora”, explica Ariane.

Sem interferência

Ao reunir os estudos mundiais mais recentes sobre o assunto a análises estatísticas, Ariane Macedo verificou que o medicamento não causa influência na resposta oncológica e na sobrevida das pacientes.

“Com esses dados, os oncologistas e cardiologistas podem mudar a história de tratamento da paciente, permitindo que ela seja medicada, e mantendo a segurança do coração”, sublinha a pesquisadora.

O fármaco proposto na proteção do coração não é disponibilizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS), como os outros dois medicamentos, o que aumenta o valor do tratamento quimioterápico.

Conforme a médica, a droga deve ser direcionada àquelas mais idosas ou com histórico de problemas cardíacos e ressalta a importância da inclusão do Dexrazoxano ao SUS. 

“Existe todo um protocolo técnico de incorporação de medicação pelo SUS, no entanto, pelo impacto que essa droga pode trazer e por suas implicações significativas para a prática clínica, esperamos que um dia esse conhecimento traga essa possibilidade”, afirma a cardiologista.

O trabalho foi escolhido para ser apresentado no Congresso Americano de Oncologia, o mais importante da especialidade, em junho deste ano em Chicago, nos Estados Unidos.

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