Imunizante estimula sistema imunológico a combater a doença quando ela já está instalada no organismo
Trabalho propõe que a vacina estimule o sistema imunológico a combater a doença (Thirdman | Pexels)
Uma vacina terapêutica contra o câncer é a proposta de uma pesquisa desenvolvida no programa de pós-graduação em patologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O trabalho propõe que a vacina estimule o sistema imunológico a combater a doença, quando ela já está instalada no organismo. A tecnologia utilizada se assemelha às que são usadas nas vacinas produzidas pela Pfizer e pela Moderna contra a Covid-19.
O estudo utiliza estruturas chamadas nanopartículas lipídicas ionizáveis, responsáveis pela entrega de ácidos nucleicos (DNA e RNA mensageiro) que, por sua vez, promovem a resposta contra as células tumorais. “O RNA leva a expressão de uma proteína do vírus da covid, da proteína Spike ou de outras proteínas imunogênicas, e isso monta uma resposta imunológica contra o vírus”, afirma o farmacêutico Pedro Dias, autor da pesquisa desenvolvida que propõe a inovação no tratamento do câncer.
Farmacêutico Pedro Dias, autor da pesquisa desenvolvida que propõe a inovação no tratamento do câncer (Acervo Pessoal)
O farmacêutico explica que as nanopartículas lipídicas ionizáveis (LNP, na sigla em inglês) facilitam a penetração dos ácidos nucleicos transportados por elas que levam as informações genéticas encarregadas de produzir proteínas, provocando, assim, a resposta imunológica, ou seja, de defesa do organismo, contra as células-alvo.
A vacina terapêutica foi testada em células animais.“Esses modelos ainda são limitados, são chamados de pré-clínicos, ainda há várias etapas a serem aprimoradas”, explica.
Ainda de acordo com o pesquisador, a abordagem se diferencia de outras vacinas terapêuticas contra o câncer graças à possibilidade de personalização do tratamento, considerando especificidades do organismo de cada pessoa. “Os pacientes podem ter marcadores diferentes, e isso pode ajudar no desenvolvimento de uma imunoterapia mais específica", diz o pesquisador.
O trabalho foi vencedor do Prêmio Mercosul de Ciência e Tecnologia 2024, na categoria “jovem pesquisador”. A premiação é uma iniciativa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
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