Prevenção falha

Pesquisa inédita da UFMG aponta risco de incêndio em edifícios históricos de cidades mineiras

Realizado em Ouro Preto e em Brumadinho, o estudo constatou que, dos 146 espaços analisados, apenas 12 apresentam alto índice de segurança

Gabriela de Castro*
gabriela.castro@hojeemdia.com.br
19/08/2025 às 19:20.
Atualizado em 20/08/2025 às 15:45

Entre os edifícios analisados pelo grupo da Escola de Arquitetura da UFMG, oito apresentam alto risco de incêndio (Paulo Gustavo von Krüger/Arquivo pessoal)

Entre os edifícios analisados pelo grupo da Escola de Arquitetura da UFMG, oito apresentam alto risco de incêndio (Paulo Gustavo von Krüger/Arquivo pessoal)

Um grupo de pesquisadores da Escola de Arquitetura da UFMG desenvolveu um projeto que avalia o risco de incêndio nas edificações que compõem o patrimônio cultural de Ouro Preto e Brumadinho. O método inédito analisou 146 espaços e identificou que apenas 12 edifícios têm "alto índice" de segurança. A equipe apontou sugestões capazes de aumentar a proteção a baixo custo. O relatório final foi entregue às prefeituras dos municípios. 

Os estudos foram iniciados há mais de dez anos. Porém, as pesquisas começaram a ser realizadas a partir de 2020. Professor de arquitetura da UFMG e coordenador do projeto, Paulo Gustavo von Krüger explica que o método é inovador por utilizar a combinação de três diferentes técnicas – Método Chichorro, Análise Global e Arica - para avaliar o nível de segurança de cada edificação. 

‘‘Para que um espaço seja considerado sem risco de incêndios, precisa ter compatibilidade com os critérios das três metodologias. Caso a edificação seja considerada segura por duas destas técnicas, ela possui um risco baixo - o que corresponde à maioria dos casos analisados. Já quando há a validação de apenas um dos critérios, o risco é médio. Nos casos em que nenhuma das metodologias comprove que haja segurança, trata-se de um alto risco de incêndio - categoria em que se encaixam 8 dos edifícios pesquisados’’, explica.

Pesquisadores da UFMG ()

Pesquisadores da UFMG ()

As técnicas analisam diferentes características dos espaços. O método Chichorro utiliza um software para avaliar parâmetros quanto a técnicas de combate ao incêndio e rotas de fuga. A Análise Global, por sua vez, analisa o nível de tombamento dos edifícios - municipal, estadual ou nacional. Quanto maior for, mais seguro. Por fim, a metodologia Arica possui como foco conjuntos urbanos e estuda, por exemplo, a largura das ruas ou se há algum impedimento para o acesso dos veículos do Corpo de Bombeiros. 

‘‘Durante a pesquisa, encontramos muitas irregularidades que um leigo não vai enxergar’’, afirma Paulo. ‘‘Vimos instalações elétricas inadequadas e muita gambiarra. O entreforro de algumas edificações é algo assustador. Em alguns casos, utilizam a palha, que é um material muito inflamável. Muitas vezes, a edificação aparenta estar segura, mas quando os entreforros eram avaliados, a análise foi piorada’’, pontua o professor.

(Paulo Gustavo von Krüger/Arquivo pessoal)

(Paulo Gustavo von Krüger/Arquivo pessoal)

Entre as sugestões propostas pelo estudo para a resolução dos problemas estão ações como adequações nas instalações elétricas, planos de emergência, intervenções físicas e até campanhas de educação patrimonial. 

‘‘Não é uma pesquisa que apenas traz um diagnóstico. Nós elaboramos soluções, e a maioria delas é de custo relativamente baixo. Além disso, a grande vantagem é que o poder público tem a possibilidade de focar naquelas edificações que estão com um grau de risco maior’’, analisa o coordenador do projeto.

*Estagiária, sob a supervisão de Renato Fonseca

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