(Flávio Tavares/Hoje em Dia)
Antônio, de 3 anos, foi incentivado desde muito cedo a compartilhar, não importava o que fosse. Podiam ser brinquedos, roupas ou até a comida. As primeiras refeições, por exemplo, funcionavam da seguinte maneira: uma colherada para ele, outra para a mãe. E ela garante: o garoto aprendeu a ser solidário, a dividir com os outros e assim é muito mais feliz.
Da mesma forma que Ludiana Marques, de 34 anos, mãe de Antônio, outras centenas de famílias praticam o exercício diário de transformar os filhos em pessoas melhores. E os benefícios do amor ao próximo são enormes.
Pesquisa feita na Universidade da Colúmbia Britânica, no Canadá, com 20 crianças de até 2 anos, demonstrou que quem doa algo de seu próprio “patrimônio” demonstra mais satisfação e alegria do que os que concedem um objeto fornecido por outra pessoa. O resultado: crianças que compartilham são mais felizes.
Estímulo
Ludiana acredita que o filho – por enquanto o único dela –, apesar de tão novinho, já aprendeu a qualidade de dividir com o outro. “Ele sabe que quem divide tem mais amigos e, portanto, é mais feliz. Hoje em dia, basta um incentivo, pois isso já está com ele, a personalidade já está formada”, afirma.
A terapeuta de crianças e professora de Psicologia da Educação e do Desenvolvimento na Universidade Fumec Márcia Veiga chama a atenção para a importância do incentivo às ações de compaixão e altruísmo mas, segundo ela, o comportamento infantil até os 3 anos é reforçado pelo elogio de pessoas de referência, como pais e professores.
“Essa é a fase do egocentrismo, quando os comportamentos estão muito mais ligados ao elogio do que ao seu significado real. A partir dos 5 anos, com o avanço do desenvolvimento cognitivo, a criança cria compreensão empática em relação às necessidades do outro, o que torna fundamental esse ensinamento que costuma ser feito por pais e professores”, diz.