(Leonardo Morais)
IPATINGA – A Polícia Federal vai ajudar nas investigações da morte do jornalista Rodrigo Neto, de 38 anos, assassinado no dia 8 deste mês com três tiros, em Ipatinga, no Vale do Aço. O pedido foi feito pelo presidente da Comissão Estadual de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa de Minas, deputado Durval Ângelo, e acatado pela ministra da Secretaria Nacional de Direitos Humanos, Maria do Rosário Nunes, que esteve nesta terça-feira (19) na cidade para obter informações sobre o extermínio. Para a ministra, a soma de forças e a atuação compartilhada entre os governos estadual e federal dará resultados mais rápidos que a transferência de competências para a apuração de um “crime que comoveu a cidade, ganhou repercussão internacional e mobilizou forças nacionais”, em especial por causa da motivação. “Possivelmente tentaram calá-lo. Se a voz dele não se faz escutar hoje, que a voz de todos nós seja a voz de Rodrigo Neto para que, aquilo que ele denunciou, não fique impune e que seu assassinato seja exemplarmente punido diante do Brasil e do mundo”. Rodrigo Neto era jornalista investigativo e autor de várias matérias que denunciaram a suposta participação de policiais militares e civis nos crimes. Ele estava ameaçado de morte e havia denunciado o fato às autoridades. Segundo a ministra, além da morte do jornalista, os crimes que ele investigava e ficaram impunes também serão investigados. E disse que pedirá ao governo do Estado agilidade nos processos administrativos que apuram a suposta participação de policiais militares e civis nos crimes, para que possam ser excluídos dos quadros. A decisão foi tomada depois que Durval Ângelo elencou crimes “sem culpados” como a Chacina de Belo Oriente, a decapitação de um adolescente, cuja cabeça foi jogada na varanda de um major da PM e outros de pistolagem. “Foi uma sucessão de impunidade deliberada que levou Rodrigo à morte”, disse o deputado. O delegado Emerson Morais, responsável pela Delegacia de Homicídios em Belo Horizonte, designado pelo governo para apurar o crime, disse que não vê a necessidade de interferência da PF. Segundo ele algumas linhas de investigação estão sendo seguidas, mas são prematuras ainda. “É um caso complexo, cheio de nuances e de dificl resolução, mas num prazo razoável será elucidado”. Representantes da Ordem dos Advogados do Brasil Nacional (OAB) e da Comissão Nacional de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana também participaram do encontro de trabalho.