(Divulgação)
A aprovação de um novo protocolo para o uso de medicamentos após possível exposição ao vírus HIV pode ampliar o acesso ao coquetel antiaids, mas é preciso cautela para que a doença não seja banalizada. O alerta é feito por representantes de ONGs de acolhimento aos portadores da Aids.
Com a divulgação do novo procedimento pelo Ministério da Saúde, todas as pessoas expostas à situações de risco de contágio pelo vírus passam a receber combinação única de quatro remédios: tenofovir, lamivudina, atazanavir e ritonavir.
Antes da unificação do protocolo pós-exposição ao HIV, conhecido como “pílula do dia seguinte da Aids”, vítimas de violência sexual, profissionais da saúde e pessoas que tiveram relações sexuais sem proteção eram submetidas a tratamentos diferenciados.
Atendimento
Atualmente, os medicamentos são administrados em centros especializados no tratamento de doenças sexualmente transmissíveis. Na capital mineira, são cinco unidades próprias e duas conveniadas. Aos fins de semana e à noite, o atendimento é feito nas Unidades de Pronto-Atendimento (UPAs).
Valdecir Buzon, presidente do Grupo Vhiver, afirma que a unificação dos protocolos é positiva e amplia o acesso à profilaxia. “Agora as pessoas sabem que têm o direito de receber medicamentos nos centros. Antes havia o acesso, mas muito burocrático”, comemora.
“Meu medo é a banalização da Aids, de que uma pessoa se exponha ao risco e corra para fazer o protocolo”, alerta a presidente da Associação Sempre Viva, Rose Campos.
Resultados
Para ter eficácia, o tratamento precisa ser mantido por 28 dias e ter início até 72 horas após a exposição ao vírus. Com o novo protocolo, o Ministério da Saúde reduziu o tempo de tratamento de seis para três meses.
De acordo com a ginecologista Maria Flávia Brandão, membro da Associação de Ginecologistas e Obstetras de Minas Gerais (Sogimig), efeitos colaterais podem surgir com o uso dos remédios. “A camisinha é importante. Não é todo organismo que se adapta à medicação, que pode afetar fígado e rins”.
A médica observa, no entanto, que os antivirais são indispensáveis em alguns casos, como os de violência sexual.