Plástica no atacado tem custo 40% menor, mas os risco são maiores

Iêva Tatiana - Hoje em Dia
19/08/2014 às 09:14.
Atualizado em 18/11/2021 às 03:51
 (PAULA TAVARES)

(PAULA TAVARES)

“Espelho, espelho meu, existe no mundo alguém mais bela do que eu”? A pergunta do clássico infantil é perturbadora para muitos adultos, principalmente mulheres, líderes no ranking de cirurgias plásticas realizadas ano passado. Em busca da satisfação com a imagem refletida, muitas optam agora por vários procedimentos de uma só vez nas chamadas cirurgias associadas (ou combinadas).

Foi o que fez a secretária pessoal Vanilce Maria Tavares de Miranda, há quatro meses. Incomodada com o caimento e com a bolsa de pele que se formou ao redor dos olhos, ela resolveu operar as pálpebras. Durante as consultas, acabou se animando, também, a empinar os seios e a fazer um preenchimento facial com gordura do próprio corpo.

“Perguntei ao médico como era, em quanto ficaria e isso me aumentou a vontade de fazer (outros procedimentos). Aos 56 anos, enfrentamos a lei da gravidade, tudo cai. Fiquei indecisa no início, mas quis aproveitar o lance da anestesia”.

Segundo Vanilce, uma série de quesitos pesou na decisão: recuperação (conjunta), custo e praticidade. “Com uma semana já poderia voltar a trabalhar. Não tive arrependimento nenhum, a satisfação foi total. O resultado é muito positivo”.

 

Maioria

O público feminino representa 87,2% – quase 20 milhões – do total de pacientes operados em 2013 em todo o mundo, de acordo com a Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética. Na lista dos procedimentos mais comuns estão implante de silicone nos seios, lipoaspiração, levantamento de pálpebras, lipoescultura e lifting de mama. 

Para o diretor do Departamento de Ação Social da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, Cláudio Salum, os fatores mais considerados pelos pacientes que optam por mais de uma correção simultaneamente são principalmente custo e praticidade. “Hoje, o tipo de anestesia e o pós-operatório ajudam muito, a recuperação é muito rápida. A pessoa interna de manhã e sai à tarde com segurança. Além disso, fazer mais de um procedimento reduz de 30% a 40% o custo da cirurgia”, observou.

 

Cuidados

Salum ressalta que há um risco maior no pacote cirúrgico que devem ser levados em consideração por causa do tempo maior da cirurgia e do aumento da área corporal operada, além do despreparo profissional.

“Hoje, há muitos médicos de outras áreas aventurando-se na cirurgia plástica. Isso porque existe uma famigerada lei – que estamos tentando acabar com ela –, criada no governo de Juscelino Kubitschek, que faculta ao médico fazer todo tipo de procedimento”, disse.

A orientação do cirurgião plástico às interessadas é buscar referências do médico que vai realizar a cirurgia e fazer o mesmo em relação ao hospital ou à clínica onde serão feitos os procedimentos para checar se oferecem segurança aos pacientes.

 

Cresce o interesse dos homens

Embora sejam minoria nas salas de cirurgia, os homens têm buscado mais a correção estética, na última década. No ano passado, representaram 12,8% do total de mais de três milhões dos pacientes de cirurgia plástica.

Dentre os procedimentos mais procurados estão rinoplastia (nariz), ginecomastia (redução das mamas que atingem tamanho fora do normal), blefaroplastia (pálpebras), lipoaspiração e otoplastia (orelhas).

Considerando todos os pacientes, homens e mulheres, as cirurgias plásticas mais realizadas em 2013, mundialmente, foram mamoplastia de aumento, blefaroplastia, lipoescultura e rinoplastia.

Já os procedimentos estéticos não cirúrgicos mais populares foram aplicação de toxina botulínica, preenchimento cutâneo, remoção de pelos a laser, rejuvenescimento facial não invasivo e peeling químico, resurfacing com CO2, dermoabrasão.

 

Médicos tentam adotar critérios de segurança

No ano passado, o Brasil liderou a relação dos países que mais realizaram procedimentos cirúrgicos no mundo, passando à frente dos Estados Unidos, com quase 1,5 milhão do total de 23 milhões, segundo balanço da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica. Esse avanço, na maior parte das vezes, é motivado por razões meramente estéticas, resultantes da insatisfação das pessoas com o próprio corpo.

Diante desse cenário, os médicos brasileiros têm discutido critérios de segurança para os pacientes, como tempo máximo de cirurgia e limite de área corporal manipulada.

“Não chegamos a um consenso ainda sobre o assunto, mas, nos congressos, temos discutido parâmetros que devem ser levados em consideração para que haja certa lógica”, afirmou Cláudio Salum, da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.

De acordo com ele, antigamente era comum manter um paciente por até oito horas em um procedimento cirúrgico estético. Hoje, sabe-se que o risco de complicações – a exemplo da trombose – é muito alto, então, os cuidados foram reforçados.

“Atualmente, nas cirurgias combinadas, não ultrapassamos 40% da estrutura corporal. Isso não é um dogma nem um balizador, mas é algo que tentamos seguir. A vantagem é que, na maioria dos casos, essas cirurgias são feitas em pacientes saudáveis, que não apresentam riscos”. 

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