(Flavio Tavares)
A prática de registrar um boletim de ocorrência sobre roubo ou furto de celular na tentativa de conseguir um novo aparelho ou receber o dinheiro pelo seguro, parece ter se tornado comum em Belo Horizonte. Só nesta sexta-feira (26), militares da base móvel localizada na Praça Sete, no Centro da capital, realizaram três prisões após indícios de falsa comunicação de crime.
Segundo o tenente Ronald Jean de Oliveira, do 1° Batalhão da PM, diariamente a corporação tem ocorrências deste tipo, mas nesta sexta-feira, foi a primeira vez que a funcionária de uma loja de eletrodomésticos foi presa por incentivar a prática. Ele relata ainda que somente no último mês, o 1° Batalhão da PM, localizado no Centro, contabilizou cerca de 15 tentativas de registros de ocorrências de roubos ou furtos falsos.
"Uma mulher procurou a base comunitária com o seguro de celular em mãos e pediu para registrar uma ocorrência de roubo à mão armada, dizendo que havia sido roubado ontem à noite na avenida Afonso Pena, em frente a uma igreja. Mas, no horário e local que ela falou, a rua estava bem movimentada, e também temos câmeras de olho vivo ali", explica.
A suposta vítima, de 27 anos, acabou entrando em contradição e confessou o crime, dizendo ainda que tinha deixado o celular cair no chão e foi até a loja onde comprou o aparelho, também no Centro de BH. Lá, a lojista teria orientado a mulher a registrar um boletim de ocorrência de roubo para conseguir que o seguro cobrisse o valor do aparelho estragado.
Após confessar, ela contou aos policiais quem era a lojista, e a mulher também foi presa. "Parece que alguns lojistas de eletrodomésticos é que dão essa dica pros clientes. Já recebemos essa informação em outras ocorrências, mas hoje foi a primeira vez que conseguimos identificar e prender uma lojista. Às vezes, a pessoa é ingênua em mentir achando que vai conseguir outro celular ou dinheiro, mas nós temos técnicas de entrevistas, câmeras de olho vivo, acabamos descobrindo quando se trata de uma falsa comunicação de crime", conta o tenente.
As prisões aconteceram na manhã desta sexta, mas horas depois, por volta das 14h, um homem foi preso pelo mesmo motivo. Também com uma cópia do seguro do celular em mãos, ele procurou a mesma base móvel da PM na praça Sete para registrar um suposto furto, e também foi detido por falsa comunicação de crime.
Ainda segundo o tenente Ronald Oliveira, a prática acaba sendo um desserviço, porque passa a falsa sensação de insegurança. "Aponta para um aumento de crime de roubo de celular, por exemplo, que não está acontecendo", diz.
A maior parte das ocorrências envolve celulares, mas há também registros falsos de roubo de documentos. "Às vezes, a pessoa perde o RG e quando faz o boletim de ocorrência de furto ou roubo, não precisa pagar a taxa de segunda via para fazer um novo documento", detalha o militar.
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