Na Savassi

PM se ‘antecipa’ a bandidos, vasculha carros e liga para motoristas que esquecem objetos nos bancos

Pedro Melo e Renato Fonseca
portal@hojeemdia.com.br
Publicado em 07/08/2023 às 07:00.
Segundo a corporação, cerca de 20 motoristas são chamados por dia na Savassi, região que tem sofrido com onda de furtos (Maurício Vieira)

Segundo a corporação, cerca de 20 motoristas são chamados por dia na Savassi, região que tem sofrido com onda de furtos (Maurício Vieira)

Quem nunca saiu de casa atrasado para um compromisso, estacionou às pressas e, na correria, esqueceu a bolsa, mochila, carteira ou até mesmo o celular dentro do carro? Essa falta de atenção pode abrir caminho para o furto, “crime de oportunidade” que assombra moradores e frequentadores da Savassi, uma das áreas mais nobres de Belo Horizonte. 

Na tentativa de reduzir os delitos na região, a Polícia Militar resolveu se “antecipar” aos bandidos: vasculha veículos pelo lado de fora e aciona quem esqueceu algum objeto de valor dentro. Os militares fazem contato por telefone após acessar os dados do motorista pela placa. Em média, segundo a corporação, 20 condutores são chamados para voltar aos automóveis por dia.

Vidros abertos e portas destravadas também entram na estimativa da PM. O trabalho integra o projeto “Cidadão Conectado”, que visa a prevenir os crimes no local. “A Savassi é uma região muito turística. Algumas pessoas andam com malas e objetos, que acabam sendo deixados. A gente liga para o responsável, se identifica e conversa de uma forma para ele não ache que é um golpe”, explica a tenente da 4ª Cia do 1ª Batalhão, Blenda Rodrigues Amaral. 

Segundo a comandante do Setor Savassi, panfletos e adesivos com a mensagem “não deixe objetos em seu veículo” também estão sendo distribuídos. “Achamos que é uma boa estratégia. Assim, sempre que eles (motoristas) olharem o adesivo no vidro, vão se lembrar de trancar o carro ou verificar se ficou algo nos bancos”.

A chamada de atenção da PM mudou o comportamento do vendedor Tárcis Santos Rosa, que esqueceu uma bolsa no carro na semana passada. O veículo estava estacionado na Antônio de Albuquerque com Paraíba. “Sempre deixo no banco de trás, mas a partir de agora vou guardar. O seguro morreu de velho, né? Achei uma atitude muito boa e que com certeza deixa a gente mais seguro”.

Quem também precisou contar com a ajuda da polícia na Savassi recentemente foi a comerciante Maíra Weber. Uma das proprietárias da loja Céu da Terra, especializada em produtos esotéricos, ela foi furtada dentro do estabelecimento. Uma mulher fingiu ser cliente e, numa fração de segundos, pegou o celular que estava na bancada. Em seguida, saiu tranquilamente. Ao perceber o crime, Maíra acionou a PM. Rapidamente, militares localizaram a suspeita no hipercentro. O telefone foi recuperado. 

Segundo a comerciante, uma queixa frequente na região é a quantidade de arrombamentos. “O problema maior é quando as lojas estão fechadas. Sempre estamos ouvindo alguém contar que o local foi invadido”. Maíra reconhece que a presença de viaturas na Savassi é constante, mas avalia que a segurança pode melhorar.

Mesma opinião tem a administradora Carolina Braga. Em junho, ela estacionou o veículo na rua Major Lopes para ir até um bar. Quando voltou, o vidro estava quebrado. “Não tinha deixado nada dentro, mas mesmo assim fiquei no prejuízo. Nem era tão tarde, umas nove e meia da noite”. A jovem não prestou queixa. Atitude essa que precisa mudar.

A Polícia Militar orienta que todos façam um boletim de ocorrência, acionando a corporação pelo 190. Na semana passada, a PM informou que a segurança será ampliada na Savassi. Militares irão reforçar a patrulha principalmente no entorno da Praça Diogo Vasconcelos, no cruzamento das avenidas Getúlio Vargas e Cristóvão Colombo.

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