(Ricardo Bastos / Hoje em Dia)
Os três policiais militares que trocaram tiros com uma policial civil e mataram o marido dela estão prestando depoimento, desde a madrugada desta quarta-feira (29), no Departamento de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Os esclarecimentos estão sendo feitos ao delegado Antônio Harley.
Outros eventuais envolvidos também poderão prestar depoimentos nos próximos dias. A Polícia Civil informou que ainda levanta outras provas materiais capazes de esclarecer todas as circunstâncias que envolveram o caso. Conforme o órgão, "outras informações serão divulgadas a partir de fatos concretos que o procedimento investigatório apurar ao logo do dia". A Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) ainda não se pronunciou sobre o episódio. A confusão envolvendo policiais das duas corporações aconteceu na noite de terça-feira (28), no bairro Pongelupe, na região do Barreiro, em Belo Horizonte. Além do mecânico e vendedor de joias Filipe Sales, de 32 anos - que foi morto com um tiro no abdômen, três nas coxas e quatro nas costas -, a esposa dele, a investigadora Fabiana Aparecida Sales, lotada em Ibirité, na Grande BH, também ficou ferida. Ela foi baleada nas nádegas, socorrida para Hospital Júlia Kubistchek, onde foi submetida a cirurgia. O quadro dela é estável. Luto
Por meio de nota, a Polícia Civil lamentou profudamente o fato. "Desde o ocorrido, os primeiros levantamentos começaram a ser feitos pela perícia criminal e investigadores. Por determinação do Chefe da Polícia Civil, delegado Wanderson Gomes, o caso está sob responsabilidade da Divisão de Crimes Contra a Vida, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP)". O secretário de Estado de Defesa Social, Bernardo Santana, também lamentou o ocorrido. “Estamos aguardando as apurações e levantamentos para chegarmos à verdade sobre o ocorrido”, disse o secretário.
Tiroteio Uma das versões do crime, que consta no Boletim de Ocorrência (BO), é de que o soldado Hamilton Brunno Penido Brandão, lotado na 7ª Companhia da PM, do 5º Batalhão, e os soldados André William Murray e Daniel Fernandes, do 41º Batalhão, todos de folga, foram treinar disparos em um local ermo do bairro. A investigadora e o marido, que residem na rua Augusto Degois, saíram de casa para averiguar o caso e trocaram tiros com os militares após os dois lados pensarem que se tratava de assaltantes. Ninguém teria se identificado e todos estavam à paisana. Contudo, há outras versões que estão sendo investigadas. Uma das hipóteses apontada nos bastidores como a mais provável, seria uma suposta dívida envolvendo ouro, já que Filipe vendia joias. Ele e a esposa teriam sido abordados pelos militares e levados dentro do carro da mulher até um matagal, em frente à residência do casal. A quantidade de disparos sugere uma possível execução. Outras versões Há muitas informações desencontradas sobre a ocorrência. Outra hipótese é que os policiais militares estariam sentados na praça, quando a investigadora teria passado junto com o marido pelo local. Os militares teriam filmado a mulher, o que irritou o companheiro dela, que disparou contra os PMs com a arma da policial civil, iniciando o tiroteio. Também foi levantada a versão de que a investigadora teria sido abordada pelos militares e interpretou como uma tentativa de assalto e iniciado o tiroteio. Uma última teoria seria que o mecânico também trabalharia com venda de ouro e teria uma dívida com os militares. Os policiais teriam ido cobrar o valor do homem, que correu para o matagal, sendo perseguido na sequência. Uma luta corporal teria ocorrido, segundo vestígios no terreno, e Felipe foi alvejado na perna, no peito e nas costas. Apreensão Depois da troca de tiros, o soldado Hamilton Brunno Penido Brandão foi encontrado escondido no matagal. Embora não tenha sido baleado, Hamilton teria fugido por acreditar que outros dois militares que estavam com ele foram feridos. No local do crime, foram apreendidas duas armas. *Com informações de Renato Fonseca, Danilo Emerich e Raquel Ramos