(Arquivo pessoal)
A Polícia Civil está investigando um buffet de Belo Horizonte que não teria cumprido contratos com mais de 15 clientes e fornecedores desde o fim do ano passado. A corporação não informa quantas pessoas teriam feito boletins de ocorrência contra o Buffet Amanda Amaral, mas acredita que até o fim do mês conseguirá fazer um levantamento mais completo sobre o número de supostas vítimas.
Conforme relatos de pessoas que teriam sido lesadas, o casal que está à frente do buffet teria quebrado contrato com pelo menos oito clientes, avisando em cima da hora que não realizariam o serviço contratado. De acordo com a Polícia Civil, o casal foi ouvido e alegou que as quebras de contrato aconteceram porque vivem problemas financeiros.
Cerca de 15 pessoas que teriam sido lesadas se reuniram em um grupo de WhatsApp para compartilhar informações e ações sobre o assunto. Um dos casos mais destacados entre eles é o de Carla Rossi, de 34 anos, que contratou o buffet para a sua festa de casamento por R$ 14 mil.
No início do ano passado, Carla e o noivo, Thiago Rolim, fizeram o pagamento inicial de R$ 2.800 após a assinatura de contrato. Meses depois, para levantar mais recursos para a festa, o casal colocou à venda, pela internet, um veículo de R$ 16,5 mil e a dona do buffet logo demonstrou interesse no carro. Ficou acertado, então, que o valor do buffet seria descontado do valor do automóvel e a dona do buffet deveria pagar R$ 5.200 ao casal em três parcelas.
De acordo com Carla, uma parcela não foi paga, mas esse não foi o maior dos problemas. “Em janeiro, um homem ligou para o meu noivo pedindo para que lhe entregasse o recibo de compra e venda do veículo. Foi quando descobrimos que o carro foi colocado à venda na OLX e uma pessoa comprou, pagando à vista. Ficaram com o dinheiro, não nos repassaram e também não falaram nada”, conta.
Carla e Thiago têm usado as redes sociais para alertar novos clientes do buffet e pedem para que as possíveis vítimas se manifestem junto à polícia. “Tem aparecido mais pessoas lesadas e peço a todas que façam um boletim de ocorrência e tenham esse documento em mãos. Nosso grupo de WhatsApp foi formado para juntar o máximo de provas possível e ver o que a Justiça pode fazer com isso”, afirma Thiago.
Na última hora
Daniela Milagres, de 43 anos, preparava o salão onde seria realizada a festa de aniversário de sua mãe, de 72 anos, no dia 16 de março, quando recebeu um áudio do marido de Amanda Amaral, pelo WhatsApp, afirmando que eles não poderiam realizar o serviço naquele dia, pois estavam com as contas bloqueadas. Ela tinha apenas oito horas para conseguir comida, bebida, bolo, decoração e garçons para não ter de cancelar a festa.
“A minha mãe teve câncer de mama e o tratamento dela acabou em fevereiro. A festa era para celebrar a nova vida dela. Veio gente de fora de Belo Horizonte, havia uma grande expectativa. Tive que sair ligando para várias outras pessoas, para fazer a festa de última hora”, conta Daniela, que havia planejado uma festa para cem pessoas e havia combinado de pagar R$ 2 mil pelo serviço – metade foi paga. Felizmente, ela conseguiu resolver tudo em poucas horas, usando R$ 2.200 para pagar os novos custos.
“Fiz um boletim de ocorrência e entrei na Justiça. Estou esperando a marcação da audiência. Eles não estão mais no endereço do bairro Castelo em que recebiam os clientes, não atendem telefones, ninguém consegue encontrá-los”, diz Daniela.
A reportagem do Hoje em Dia buscou contato com o buffet Amanda Amaral por meio dos números disponibilizados aos clientes, e-mail e através do contato de um advogado que defende um dos sócios em outra ação, mas não houve retorno. Todas as páginas do buffet em redes sociais e internet foram apagadas.