(Lucas Prates)
Sete caminhões que trafegam em locais e horários proibidos são multados por dia, em média, na capital, segundo dados da Polícia Civil referentes ao primeiro semestre deste ano. A tragédia ocorrida ontem, depois que um veículo de carga desgovernado esmagou um carro, matando uma mulher de 59 anos na região Centro-Sul da metrópole, reforça o quanto o desrespeito às leis pode comprometer a segurança de motoristas e pedestres.
O acidente foi na rua Professor Aníbal de Matos, no bairro Santo Antônio. Além de desobedecer à restrição de passagem no local, o motorista não tinha a Autorização Especial Para Trânsito de Veículo (AETV). O documento é emitido pela BHTrans, mediante solicitação do condutor, sempre que é necessário acessar vias onde a circulação não é permitida.
A autorização vale para caminhões com peso acima do limite, como betoneiras, guindastes e aqueles que transportam caçambas. O responsável pelo veículo envolvido na ocorrência de ontem, no entanto, não havia sequer procurado o órgão.
Flagrantes
Radares específicos são alternativas para flagrar os infratores, mas equipamentos do tipo, em BH, estão instalados apenas nas avenidas do Contorno, Nossa Senhora do Carmo e na rua Haiti (Sion).
“Deveria haver em todas as vias em que o trânsito de caminhões é proibido, porque há regiões onde a restrição é só disciplinar, como locais de carga e descarga, e há outras em que a questão é a segurança das pessoas”, afirma o consultor em transporte Osias Baptista Neto.
Para ele, há urgência em conscientizar os condutores de veículos pesados sobre o risco de trafegar em ruas íngremes, com sinalização proibitiva. “Não tem como fiscalizar todos os pontos da cidade, que ainda é montanhosa. É como desrespeitar o sinal vermelho: se você ultrapassa, sabe que pode causar mortes”.
Critérios
Segundo a BHTrans, segurança, fluidez, conflito com o uso e ocupação do solo e restrições físicas da via estão entre os critérios levados em conta para restringir o acesso de caminhões em determinadas vias.
“Essas ruas são rampas muito elevadas e esses veículos, sobretudo se estiverem carregados, podem facilmente perder o controle ou até a aderência com o solo e provocar acidentes graves”, explica o engenheiro de transporte e trânsito Márcio Aguiar.
Ele diz que a carência da fiscalização torna o cenário ainda mais crítico. “O ideal seriam agentes monitorando pelo menos as ruas que oferecem mais riscos”.
Porta-voz do Batalhão de Trânsito (BPTran) da PM, o tenente Marco Antônio Said garante que a Patrulha da Mobilidade atua diariamente em toda a capital, verificando infrações. <EM>“O grande causador de problemas é o desrespeito às normas. Acontece na Nossa Senhora do Carmo e na orla da Lagoa da Pampulha, onde caminhões não podem circular. É preciso alertar os motoristas para esses riscos”, afirma.
Segundo ele, o infrator é multado em R$ 130 e acumula quatro pontos na carteira de habilitação.
A população pode solicitar a restrição de caminhão em uma determinada via pelo telefone 156, no portal pbh.gov.br e por meio das Comissões Regionais de Transportes e Trânsito.