Polícia irá usar denúncias da população para mapear flanelinhas clandestinos em BH

Da Redação
horizontes@hojeemdia.com.br
03/05/2016 às 19:30.
Atualizado em 16/11/2021 às 03:15
 (Carlos Henrique/Arquivo Hoje em Dia)

(Carlos Henrique/Arquivo Hoje em Dia)

Denúncias da população sobre a atuação abusiva de flanelinhas irão ajudar a polícia a mapear e combater lavadores e guardadores de carro clandestinos na capital mineira. A ideia é identificar quem atua na ilegalidade, muitas vezes ameaçando e extorquindo motoristas. Uma campanha educativa para orientar vítimas como agir nessas situações está sendo preparada pela Polícia Civil. No mês passado, R$ 5 a ele.

A proposta de mapeamento foi apresentada ontem durante audiência pública na Assembleia Legislativa. De acordo com a delegada Adriana de Barros Monteiro, as informações repassadas pela população serão fundamentais para investigações mais precisas. As denúncias podem ser feitas anonimamente por telefone, por meio do Disque 181, ou presencialmente. Boletins de ocorrência são importantes em casos de extorsão e ameaça.

Dados da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) mostram que 1.230 guardadores e lavadores de carros são autorizados a atuar nas ruas da cidade. Desses, 1.130 trabalham apenas na região Centro-Sul, área de maior demanda pelo serviço.

Atividade

No entendimento jurídico, mesmo os flanelinhas que não estão cadastrados na administração municipal não cometem crime por atuação irregular, já que a atividade não exige habilidade específica. O crime acontece a partir da extorsão ou agressão física ou verbal por parte deles.<EM>
Subcomandante do 1º Batalhão de Polícia Militar (PM), o major Eduardo Felisberto ressalta que a intimidação na abordagem aos motoristas já é uma forma de extorsão. “A ameaça não é apenas pela presença de uma arma ou pela força física. Exigir o dinheiro, muitas vezes antecipado, já é crime”.

Em 68 operações realizadas na área central da cidade entre janeiro e abril deste ano, segundo o policial, 197 flanelinhas foram detidos. Levados para a delegacia, eles foram liberados após assinarem um Termo Circunstanciado de Ocorrência.

Opiniões divididas

O engenheiro mecânico Francisco Brandão, de 48 anos, é um dos muitos belo-horizontinos que já viveram essa situação de extorsão. “No mês passado estacionei o carro na avenida Nossa Senhora do Carmo quando o guardador exigiu R$ 20 adiantados para ‘passar o olho’ no veículo. Além do tom ameaçador, é um valor não condizente com um serviço quase nunca é prestado”, diz.

Há quem defenda a atuação dos lavadores. É o caso do empresário João Bosco, de 59 anos, que todos os dias deixa o carro dele na rua Alvarenga Peixoto, na região Centro-Sul, aos cuidados de um flanelinha de confiança. “Eles só não podem se sentir os donos da rua. Acredito que os bandidos são minoria entre os vários que, mesmo não sendo cadastrados, estão desesperados atrás de dinheiro, por falta de emprego”.

Em nota, a regional Centro-Sul informa que realiza ações periódicas e programadas em parceria com a PM.

(Com Danilo Viegas)

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