(Lucas Prates / Hoje em Dia)
Dez policiais militares foram identificados e afastados das funções, após a divulgação de um vídeo em que os agentes deferem tapas no rosto de alunos durante um treinamento da instituição. De acordo com a Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG), foi instaurado um inquérito policial militar pelo comando da unidade neste domingo (23).
Nesta segunda (24), durante coletiva de imprensa, a porta-voz da PMMG, Major Layla Brunnela, declarou que a gravação foi feita em outubro de 2021 mas que, apenas nesse domingo (23), cerca de três meses depois, a corporação teve conhecimento do conteúdo.
“O comando recebeu de maneira estarrecida, e acho importante a gente ressaltar não ser um procedimento dentro da instituição esse tipo de atitude que foi demonstrada no vídeo pelos nossos policiais militares, que ali participavam, tanto como instrutores, tanto como alunos. (…) Essa filmagem não retrata aquilo que nós temos na formação policial militar”.
Segundo a Major, a turma que aparece no vídeo fazia um curso de procedimentos do batalhão das Rondas Ostensivas Táticas Metropolitanas (Rotam), em Belo Horizonte. Ela esclareceu que os alunos que aparecem no vídeo não são policiais que estão ingressando na instituição, mas de militares já formados como oficiais ou praças.
Ela também ressaltou que a especialização oferecida neste curso não é obrigatória. Os militares interessados podem participar do curso através de um processo seletivo, a fim de ganhar mais qualificação e ampliar conhecimentos técnicos operacionais.
A porta-voz da PMMG também garantiu que não há previsão de novos cursos do mesmo tipo nos próximos 40 ou 60 dias, que é o período previsto para a duração do inquérito. “Nós só teremos uma nova formação, só teremos um novo curso de procedimentos, ao encerrar essa apuração e confirmar a verificação de tudo que houve, do por que ter acontecido”, contou.
Denúncia
Durante a coletiva desta segunda, a porta-voz da PMMG foi informada que um militar da ativa denunciou que a prática da agressão é recorrente no curso. A Major negou que seja um comportamento previsto na especialização e afirmou que se trata de um fato isolado.
Ela ainda afirmou que qualquer militar que testemunhar condutas que vão contra as normas da coorporação deve denunciar. “Qualquer policial militar, não só pode, como deve, denunciar qualquer situação que perceba que extrapolou a técnica e a prática policial e o planejamento dos nossos cursos”, ressaltou.
De acordo com ela, as denúncias podem ser feitas de forma anônima, tanto em órgãos internos quanto externos.
Penalidade
Questionada sobre a possibilidade de uma punição legal dos envolvidos, a militar informou que o inquérito vai apurar a ocorrência de crime para além das questões das contravenções administrativas.
Ela explicou que a corporação segue o Código Penal Militar e que os inquéritos são acompanhados pelo poder judiciário.
Os dez militares estão afastados da docência da corporação e aguardam o final do inquérito para serem liberados para outros procedimentos e treinamentos.
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