(Carlos Roberto)
Uma onda de ataques aterroriza adolescentes e mulheres no bairro Dona Clara, na Pampulha. Um homem branco, forte e que sempre está com o rosto coberto por um capacete tenta estuprar as moradoras em plena luz do dia. Em menos de um mês, 15 jovens já teriam sido violentadas. Só na última quarta-feira (23), cinco meninas, com idades entre 13 e 17 anos, acompanhadas pelos pais, foram até o 13° Batalhão da PM, na mesma região, para prestar depoimento. O criminoso age próximo às ruas Orozimbo Nonato e Bento Mendes Castanheiras, onde ficam uma escola particular e outra instituição municipal do bairro. A maioria dos alvos são estudantes. Ele aguarda pela passagem delas na via e faz abordagens rápidas, passando a mão nas partes íntimas das alunas. Bastante chocada, uma das vítimas conta que foi atacada a caminho da escola, na manhã de quarta-feira. Ela estava sozinha no quarteirão de casa quando foi abordada. “Ele estava em uma moto, parou e me agarrou por trás com uma das mãos. Com a outra, tentou me tocar”. Segundo a jovem, o maníaco pode ter se assustado com outro rapaz que seguia pela rua. “Ele me largou, montou na moto e fugiu. Fiquei paralisada e cheguei na escola chorando muito”. A garota identificou o criminoso pelas câmeras de segurança da casa onde ela mora, que flagraram o momento exato em que o estuprador passou pela rua, antes de abordá-la. Os ataques mudaram a rotina das famílias. Morando há 13 anos no bairro, a representante comercial Ana Cláudia Rodrigues, de 42 anos, diz que começou a ir mais cedo para a academia e não deixa mais a filha, de 15 anos, andar sozinha. “Aqui sempre foi perigoso, pois a região tem vários acessos que servem como rota de fuga para os bandidos, como o Anel Rodoviário”, diz. Segundo o tenente Leonardo Moura, do 13° Batalhão, há relatos de que parte das letras e numeração da moto foram identificados. “A placa teria as letras H e O, além do número 35. Por enquanto, tivemos apenas o boletim de ocorrência com as cinco adolescentes. Pedimos aos pais e mulheres que possam ter sido vítimas que procurem a polícia”, disse o militar. O policiamento foi reforçado no bairro. População se mobiliza pela internet Indignada, a população se mobilizou por meio das redes sociais para tentar identificar o motociclista e chamar a atenção da polícia. Uma publicação feita no Facebook, com a foto de uma jovem chorando e os dizeres “O bairro Dona Clara pede socorro”, denuncia a onda de ataques. Até o início da noite de ontem, mais de 2.400 compartilhamentos da postagem já haviam sido feitos. O atual Código Penal brasileiro define como estupro qualquer ato libidinoso envolvendo violência ou ameaça. Isso inclui até mesmo um beijo, apalpadela ou esfregão que sejam feitos sem o consentimento da outra pessoa. A pena para aqueles que cometerem estupros varia de 6 a 10 anos de reclusão.