(Divulgação / Itatiaia)
A Polícia Civil investiga uma agressão que teria sido cometida por um agente da corporação contra um repórter da Rádio Itatiaia, dentro de uma delegacia, em Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, na noite de sábado (27).
De acordo com a Itatiaia, o jornalista fazia a cobertura de um suposto crime "contra a dignidade sexual", ocorrido em uma espeteria. Após ouvir a vítima, o repórter tentou conversar com o suspeito, que estava na delegacia.
No entanto, o homem teria iniciado uma discussão do outro lado da rua. Diante disso, o repórter passou a filmar a briga. Foi quando, ao notar que estava sendo gravado, segundo a Itatiaia, o "policial atravessou a rua, foi até a porta da delegacia onde o repórter estava, tomou o equipamento das mãos dele, jogou no chão e entrou na unidade policial com o celular do repórter".
A rádio afirma que o jornalista foi atrás do homem em busca do celular e acabou agredido com um soco no estômago dentro da delegacia.
O policial teria se escondido com o celular do repórter, devolvendo o aparelho somente após acessar os conteúdos.
A Itatiaia ainda afirma que os policiais civis teriam se recusado a registrar um boletim de ocorrência. Somente após insistência do jornalista, militares realizaram o procedimento.
O que diz a PCMG?
Em nota, a Polícia Civil informou que apura os "graves fatos" ocorridos, e que instaurou um procedimento disciplinar na corregedoria para investigar a transgressão praticada pelo agente público.
"Quanto à investigação criminal, a vítima foi encaminhada ao IML para exames periciais. É necessário, entretanto, que a vítima se dirija à delegacia de polícia e ofereça “representação”, tendo em vista a natureza do crime (lesão corporal)", explicou.
A instituição ressaltou "que não compactua com quaisquer desvios de conduta de seus servidores e, como órgão garantidor de direitos constitucionais, assegura o livre exercício da liberdade de imprensa e da liberdade de expressão".
Zema lamenta agressão
O governador Romeu Zema também lamentou o ocorrido e disse que pediu que um procedimento seja instaurado, imediatamente, para investigar o caso.
“Realmente é algo que não podemos tolerar dentro de qualquer instituição pública. E quero deixar claro que pedi ao doutor Joaquim, chefe da nossa Polícia Civil, que seja aberto um procedimento imediatamente e que seja averiguado com a maior imparcialidade. Sempre falo que no meu governo não tem ninguém protegido, eu não tenho parente que trabalha no governo e quero que tudo seja apurado”, disse, em entrevista à Itatiaia.
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais (SJPMG) também lamentou o caso. Segundo a entidade, as agressões têm se tornado regra e "não há nenhuma ação efetiva por parte do estado para coibir esse tipo de violência".
O SJPMG exige apuração imediata do fato. O sindicato vai pedir ao Ministério Público e à Ouvidoria de Polícia que acompanhem o caso. "Basta de violência contra jornalistas. Queremos paz e sossego para trabalhar e informar o cidadão", afirma nota enviada.
Em nota, a Itatiaia afirmou que repudia a agressão sofrida no exercício da profissão. "A agressão física e o confisco do material de trabalho do nosso colega de trabalho ocorreu quando esperávamos e insistíamos para ouvir o outro lado, prática indelével do jornalismo ético", disse em nota.
Leia a nota na íntegra:
A Itatiaia repudia com veemência a agressão sofrida pela nossa reportagem no exercício da profissão, na noite do último sábado (27).
Fomos todos agredidos, na pessoa de um dos nossos repórteres, enquanto fazíamos o nosso trabalho, de acompanhar uma denúncia de importunação sexual contra uma menina de 13 anos, registrada pela PM.
A agressão física e o confisco do material de trabalho do nosso colega de trabalho ocorreu quando esperávamos e insistíamos para ouvir o outro lado, prática indelével do jornalismo ético da Itatiaia.
A Itatiaia não vai se calar, se intimidar por nenhum tipo de ameaça.
Nós sempre fomos a voz da população e quando somos vítimas de violência dentro de uma delegacia, nos colocamos no lugar dos cidadãos comuns que não têm microfones para tornar público eventuais abusos do tipo.
Em nome disso, deixamos o nosso grito, nossa certeza de que o "isso não vai dar nada para mim" caberá cada dia menos em nossa sociedade.
Sim, somos todos passíveis das mesmas leis, somos todos cidadãos iguais que devem ser submetidos aos rigores da lei. Somos todos cidadãos com o direito de sermos protegidos dentro do local que simboliza a segurança pública, uma delegacia!
A Itatiaia não se cala e sempre gritará por Justiça.
Diretora de JornalismoMaria Claudia Santos