Política de "tolerância zero" aplicada em Belo Horizonte

Hoje em Dia
21/02/2014 às 06:24.
Atualizado em 20/11/2021 às 16:10

Em Nova York, a “tolerância zero” com o crime deu certo. Em dezembro de 2001, quando terminaram os oito anos de mandato do prefeito Rudolph Giuliani, o grande responsável por essa política, os crimes tinham diminuído 57%. Antes considerada uma cidade violenta e corrupta, NY ganhou o título de a mais segura entre as metrópoles dos Estados Unidos e atraiu milhões de turistas do mundo inteiro.

Belo Horizonte está se inspirando nessa política, como informou ontem o Hoje em Dia, ao adotar novo tipo de policiamento. Não foi iniciativa do prefeito Marcio Lacerda, mas das polícias Civil e Militar, que criaram a Equipe de Missões Diferenciadas (EMD), que está em atividade há pouco mais de três meses no hipercentro da cidade.

É interessante que a ideia tenha partido das próprias autoridades policiais mineiras. Em Nova York, o combate ao crime incluiu a expulsão dos policiais corruptos da corporação. A infiltração de policiais honestos nas quadrilhas resultou na identificação de criminosos e também dos policiais que estavam na folha de pagamento deles. Foi um trabalho de inteligência policial apoiado politicamente, com firmeza, pelo prefeito Giuliani.

Os primeiros dois meses da EMD foram dedicados ao treinamento da equipe, para “tirar do policial a postura e o traquejo que acabam chamando a atenção”, como explicou o delegado José Olegário de Oliveira. O trabalho foi iniciado no hipercentro da capital, tendo como foco ladrões que atacam casas comerciais, residências, motoristas e pedestres.

Os criminosos, que antes identificavam facilmente quem era policial entre os pedestres, não têm agora a mesma segurança ao procurar a próxima vítima – e mais de 30 foram presos em flagrante. Na última quarta-feira, a EMD prendeu seis suspeitos de tráfico de drogas. Não houve até agora qualquer disparo de tiros.

A chefe do Comando de Policiamento da Capital, coronel Cláudia Romualdo, afirma que não há um só dia em que a equipe não seja bem-sucedida nessa nova forma de combate à criminalidade em Belo Horizonte. A ideia, segundo ela, é criar a “sensação de insegurança” para os bandidos. Uma sensação que era sentida até então mais pelas vítimas – os cidadãos.

Estudos que serviram de base para a criação do EMD apontaram que apenas 5% dos criminosos são responsáveis por metade dos delitos praticados. O setor de inteligência policial conseguiu identificar também as áreas da região central de Belo Horizonte e da região Centro-Sul onde os furtos e roubos mais ocorrem. São informações que ajudam a equipe de policiais disfarçados.

“Vamos identificar outros policiais com perfil para essa função e atuar de forma mais abrangente”, afirmou a coronel Cláudia Romualdo.

É um trabalho que está começando. A ideia parece boa e pode ser aperfeiçoada ao longo do tempo, com mais apoios.
 

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