(Lucas Prates/Hoje em Dia)
A maioria dos brasileiros e brasileiras confia na ciência, embora, em tempos de pandemia, a confiança tenha diminuído. Esta é uma das conclusões do estudo Confiança na ciência no Brasil em tempos de pandemia, conduzido pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Comunicação Pública da Ciência e da Tecnologia (INCT-CPCT), com sede na Fiocruz, divulgado nesta segunda-feira (12).
No total, foram ouvidas 2.069 pessoas com 16 anos ou mais, entre agosto e outubro deste ano. A margem de erro da pesquisa é de 2,2%, em um intervalo de confiança de 95%.
Os entrevistados avaliaram que os imunizantes contra a Covid-19 são seguros, eficazes e importantes para proteger a saúde pública e acabar com a pandemia.
A maioria dos entrevistados (68,9%) declarou confiar ou confiar muito na ciência. A confiança não é considerada baixa, mas é menor do que indicam pesquisas recentes, como o Índice do Estado da Ciência, feito pela empresa 3M (EUA) em 2022, que apontou um índice de 90% na afirmação “eu confio na ciência”.
Segundo os pesquisadores, a confiança “parece ter sido afetada negativamente por campanhas organizadas de desinformação, que cresceram em quantidade e impacto durante a pandemia de covid-19”.
Realizado por meio de entrevistas domiciliares, pessoais e individuais, usando a técnica de survey, o estudo aponta ainda que a maioria dos brasileiros acredita que as mudanças climáticas estão acontecendo e têm como causa a ação humana.
De acordo com o levantamento, os brasileiros também acreditam que as mudanças climáticas estão prejudicando a qualidade de vida no Brasil (78,3%), que elas podem prejudicar a si e a suas famílias (81%) e, também, as próximas gerações (82,8%).
O estudo foi coordenado pelos pesquisadores Luisa Massarani, da COC/Fiocruz, Vanessa Fagundes, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), Carmelo Polino, da Universidade de Oviedo (Espanha), Ildeu Moreira, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e Yurij Castelfranchi, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Eles observam que a atitude das pessoas sobre a ciência, as vacinas e as mudanças climáticas, não depende apenas do conhecimento que possuem, mas também de valores, posicionamentos morais e visões políticas.
“Isso indica um cenário de desafios para gestores, cientistas, educadores e profissionais de comunicação, que precisam desenhar estratégias de comunicação pública da ciência que levem em consideração as especificidades de local, perfil de público e contexto”, alertam os pesquisadores.
Na avaliação dos coordenadores, a percepção majoritariamente positiva do público sobre a ciência e os cientistas, bem como a falta de evidências da existência de um movimento organizado de “negacionistas da ciência” no país, são achados importantes para orientar estratégias mais efetivas de combate à desinformação, direcionadas a grupos específicos de pessoas, que reagem de forma diferente aos diversos tipos de comunicação.
De forma semelhante, ressaltam, “o interesse pelo tema e a expectativa de benefícios para a população a partir da ciência, como qualidade de vida, oportunidades de emprego, equidade social, podem facilitar processos de aprendizado e apropriação social do conhecimento.”
A pesquisa mostrou ainda que os cientistas estão entre as fontes de informação que mais inspiram confiança nos brasileiros e brasileiras. Dentre uma lista de profissionais previamente fornecida, as escolhas mais frequentes de fontes confiáveis de informação foram:
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