Aumento de 191%

População em situação de rua em BH triplicou na última década

Pedro Faria
pfaria@hojeemdia.com.br
09/02/2023 às 11:15.
Atualizado em 09/02/2023 às 11:28
 (Maurício Vieira/Hoje em Dia)

(Maurício Vieira/Hoje em Dia)

O número de pessoas em situação de rua em Belo Horizonte quase triplicou durante a última década, conforme o Censo Pop Rua, pesquisa realizada pela Universidade de Medicina da UFMG e pela Prefeitura da capital iniciada em outubro do ano passado.

De acordo com os resultados apresentados na manhã desta quinta-feira (9), os pesquisadores identificaram 5.334 pessoas morando atualmente nas ruas da capital. Se comparado com o último levantamento, em 2013, quando foram enumerados 1.827 moradores sem-teto, o aumento corresponde a 191%.

De acordo com o professor Frederico Garcia, um dos coordenadores da ação, as informações coletadas serão importantes para a organização de ações de políticas públicas. “Percebemos o aumento do tempo médio de permanência nas ruas, envelhecimento dessa população e o impacto dos problemas de saúde mental desse grupo. Precisamos observar esses pontos para agora, de acordo com o Estatuto do Idoso, atuar na promoção de saúde e prevenção de transtornos mentais entre crianças e adolescentes”, explicou.

Dados foram apresentados à imprensa na Faculdade de Medicina da UFMG, na manhã desta quinta-feira (9)

Dados foram apresentados à imprensa na Faculdade de Medicina da UFMG, na manhã desta quinta-feira (9)

Mais de 300 pesquisadores participaram do levantamento, realizado nas nove regionais de BH. Entre os mais de 5.300 moradores em situação de rua, 2.507 responderam às perguntas do questionário. O número total de moradores é proximo dos dados obtidos pela PBH pelo CadUnico.

 Censo Pop Rua

A pesquisa apontou que 84% da população de rua é formada por homens. Menos da metade do número total do levantamento (41%) é natural de BH. Outra situação preocupante é que 67% vive sozinho. Mais de 90% deseja sair das ruas, segundo a pesquisa.

“Esse aumento teve uma corroboração da pandemia. 35% entrou na rua depois da pandemia. Houve um aumento na quantidade de mulheres que vivem em situação de rua. A maior parte é composta por pretos e prados e temos um envelhecimento dessa população que deve ser preocupação das politicas publicas nos próximos anos. Os casos de pessoas com transtornos mentais também. O perfil é diferente do censo anterior e as politicas precisam ser repensadas para atender essas necessidades”, explicou o professor.

Agora, a Prefeitura vai analisar o relatório final, que deve ser entregue em até dois meses. A ideia é, a partir dele, promover politicas publicas necessárias para ajudar essa população a sair da atual situação. “Com os primeiros achados da pesquisa, apresentamos pro prefeito e fizemos uma primeira reunião. Sabemos que temos que investir para enfrentar as questões de saude, acesso a odontologia e habitação. Temos desafios enormes. Se enfrentarmos esses dois grandes problemas vamos melhorar muito essa situação”, disse Rosilene Rocha, secretaria Municipal de Assistencia Social, Segurança Alimentar e Cidadania.

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