(Flávio Tavares)
Considerados obsoletos no combate ao crime, os Postos de Observação e Vigilância (POVs) de Belo Horizonte estão abandonados. Pontos de apoio policial, muitos estão deteriorados, aumentando a sensação de insegurança da população do entorno e denegrindo a imagem da Polícia Militar ao servirem de dormitório de moradores de rua, banheiro público e até local de uso de drogas. Atualmente, há 19 estruturas na capital, 13 delas no hipercentro.
O Hoje em Dia denunciou o abandono dos postos em setembro de 2011, mas nada mudou. Algumas cabines que continuaram em uso até junho de 2013 foram destruídas durante os protestos na Copa das Confederações.
LIXEIRA
O posto na Praça 7 é um exemplo. Só resta o esqueleto metálico, usado como lixeira. A unidade na esquina da avenida Amazonas com rua Tamoios também é o retrato do abandono. Pichada, com vidros quebrados e marcas de incêndio, virou dormitório de andarilhos.
"Quando policiais ficavam no posto havia mais segurança. Depois que acabou, aumentaram os roubos por aqui. Faz muita falta”, reclama o jornaleiro Ednaldo Marcos da Silva, de 37 anos, vizinho do abrigo desativado.
O POV da avenida Nossa Senhora do Carmo, em frente ao trevo de acesso ao bairro Belvedere, tem até marcas de tiro. Na última quinta-feira (13), a equipe do Hoje em Dia encontrou adolescentes fumando maconha ao lado dele. Um comerciante que pediu anonimato disse que o ponto serve até como banheiro.
SEM INTERESSE
Não se sabe quantos postos estão em uso atualmente. A chefe do Comando de Policiamento da Capital (CPC), coronel Cláudia Romualdo, explica que os POVs faziam parte de uma estratégia voltada para a presença policial e ofereciam melhor visibilidade aos militares nos locais onde foram instalados.
“Mas, depois da implantação, surgiram duas ferramentas superiores. O videomonitoramento por câmeras (Olho Vivo) e a base comunitária móvel. Além disso, os postos mantêm o efetivo em um local fixo. O ideal é o patrulhamento móvel”.
A iniciativa, em alguns locais, de manter os postos na ativa recebe elogios da população. São exemplos os que funcionam nos cruzamentos da rua Guaicurus com São Paulo e Timbiras com Alagoas.
“Dão mais segurança em um ponto movimentado. Além disso, servem como referência para as pessoas pedirem ajuda”, diz o vigilante Israel Moreno, de 25 anos.
Comissão discute destino para equipamento
Ainda não foi definido se os Postos de Observação e Vigilância (POVs) de Belo Horizonte serão reativados ou abandonados de vez. Segundo a chefe do Comando de Policiamento da Capital (CPC), coronel Cláudia Romualdo, uma comissão analisa cada equipamento em busca do melhor destino. Não há prazo para o término dos estudos.
A coronel explica que ainda há postos em funcionamento devido à estratégia particular de cada companhia, definida pelos comandantes.
“Cada um avalia se é interessante e se tem efetivo para deixar de forma fixa nesse ponto”, disse a chefe do CPC.
FINALIDADE
O objetivo dos POVs era a prevenção de crimes em áreas comerciais, criando um local de referência para a população. Nos abrigos, também seria possível atender às demandas, como registrar ocorrências.
As cabines foram adquiridas por meio de convênios com associações de bairro ou comerciais. Cabia a essas entidades a manutenção.