(Daniel Beraldo/Jornal Folha do Lago Notícias)
Com chuvas abaixo da média em Minas Gerais e boa parte da região Sul e Sudeste do país, o fim do período chuvoso é preocupante. Nos últimos seis meses, o balanço de precipitação nessas regiões foi bem menor que o esperado e, por causa disso, os reservatórios das hidrelétricas também estão abaixo da média, reavivando a ameaça do racionamento de energia vivido pelos brasileiros em 2008.
De acordo com levantamento do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), o nível dos reservatórios localizados nas regiões Sudeste e Centro-Oeste do país em janeiro e fevereiro deste ano está praticamente com a metade do registrado no mesmo período de 2012 (confira no gráfico abaixo). Os dados apontam ainda uma redução do nível dos reservatórios a partir de julho do ano passado. E demonstram que os níveis no período chuvoso, que teve início em outubro, ficaram abaixo do registrado no restante do ano, inclusive nos meses mais secos.
Apesar da baixa quantidade de água, o Governo federal descartou a possibilidade de apagão no país. No entanto, o ONS informou que todas as usinas termoelétricas estão em funcionamento para suprir a demanda de energia consumida pelos brasileiros. Mas, a base energética do país está concentrada nas hidrelétricas, que respondem por 70% da energia gerada (veja gráfico abaixo). Segundo estimativa do ONS, o nível dos reservatórios das usinas Sudeste e do Centro-Oeste devem encerrar novembro com 58,8% da capacidade total, isso com todas as termoelétricas em pleno funcionamento e com expectativa de que índices de chuva alcancem 94% da média histórica na região.
Até esta quinta-feira (21), o nível dos reservatórios na região Sudeste e Centro-Oeste era de apenas 49,49% da capacidade total. No de Itumbiara, abastecido pelo rio Paranaíba, em Goiás, divisa com o Triângulo Mineiro, o nível é de apenas 31.93%. O Paranaíba, juntamente com o rio Grande, desemboca no rio Paraná e abastece a usina hidrelétrica binacional de Itaipu, a maior do país, que fornece energia também para o Paraguai.
Para o meteorologista da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), Arthur Chaves de Paiva Neto, de maneira geral as chuvas neste período de 2012/2013 foram bem abaixo da média, mas está dentro da normalidade. Ele explica que é comum ocorrerem alguns períodos subsequentes com muita ou pouca chuva. "Podemos ter sequências de anos com chuvas acima da média e o contrário também. Isso não significa que há uma relação de causa e feito entre as chuvas e alterações climáticas", concluiu.
Especificamente neste período chuvoso, a explicação para as precipitações aquém do esperado é a ausência de formação das Zonas de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), fenômeno que acumula a umidade que vem da Amazônia e do Oceano Atlântico e provoca muitas nuvens e vários dias chuvosos. "Isso geralmente acontece sobre a região Sudeste e Sul do país, mas este ano não foi muito atuante", explica Arthur Chaves. Ainda segundo o meteorologista, são essas chuvas que fazem diferença no acumulado de precipitação e não é possível explicar o que provocou a ausência das ZCAS, mas vários estudos nesse sentido estão sendo realizados.
Apenas no Leste do Estado, a chuva ficou dentro da média história. Em todas as demais regiões de Minas, o índice ficou abaixo do esperado e a previsão para os próximos meses é que o volume seja ainda menor em função do término do período chuvoso. "Há possibilidades de chuvas em abril, mas a média histórica já é muito baixa e, geralmente, neste período que vai até o mês de setembro não chove nem a metade do que é registrado entre outubro e março", disse Arthur Chaves. Os meses mais críticos em Minas Gerais foram dezembro e fevereiro. Este mês de março também apresenta chuvas abaixo da média.