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A desoneração da cesta básica, anunciada pela presidente Dilma Rousseff no último dia 8, começa a se refletir nos preços dos produtos expostos nas gôndolas do varejo.
Segundo a pesquisa Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) em Belo Horizonte, divulgada na terça-feira (18) pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre-FGV), os produtos que já registraram redução de preço na comparação com a semana anterior são açúcar cristal (-4,47%), carnes bovinas (-3,56%), óleos e gorduras (-0,61%), café em pó (-0,68%), sabão em pó (-1,16%), creme dental (-0,12%) e sabonete (-1,52%).
Na contramão, tiveram alta os produtos manteiga (1,16%), aves e ovos (4,72%), carnes suínas (0,03%), pescados frescos (1,41%) e papel higiênico (0,84%). “Os resultados da medida surgirão aos poucos”, afirma o economista do Ibre-FGV, André Braz.
Segundo ele, em 30 dias já será possível perceber com nitidez a isenção do Programa de Integração Social (PIS), do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e da Contribuição para Financiamento da seguridade Social (Cofins).
A alta dos combustíveis também pode estar contrabalançando a desoneração. “É importante lembrar que a alta de 5% do diesel reflete diretamente no frete e no custo do produto”, lembra o professor da escola de Economia da FGV, Samy Dana.
Braz explica que alguns produtos já seguiam uma trilha de queda, que foi reforçada na segunda semana de março, como açúcar e carne bovina. Outros, registraram elevação devido à sazonalidade.
“Algumas pessoas não comem carne na quaresma. Por isso, é comum que ovos, peixes e aves fiquem mais caros”, afirma a analista de Agronegócio da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), Aline de Freitas.
Um sinal de que os impactos da desoneração começam a chegar aos consumidores é o fato de o preço da carne bovina ter ficado praticamente estacionado para os produtores. Dados da Faemg apontam que, nos primeiros 15 dias de março, houve redução de R$ 89,83 para R$ 89,77 na arroba do boi (variação de -0,07%).
A expectativa dos economistas era a de que os preços das carnes começassem a recuar primeiro, devido ao giro mais rápido dos estoques do produto, que é perecível.
O secretário-executivo da Associação das Indústrias Sucroalcooleiras de Minas Gerais admite que a desoneração está chegando à ponta do consumo, mas ressalva que fatores sazonais também influenciam o mercado. “Uma nova safra será iniciada nos próximos dias. Novas safras tendem a reduzir os preços”, comenta.