BARREIRA ANTIFOLIÕES

Prédios e condomínios comerciais apelam a grades e tapumes contra danos e sujeira

Raíssa Oliveira
raoliveira@hojeemdia.com.br
17/02/2023 às 09:41.
Atualizado em 17/02/2023 às 11:32
 (Maurício Vieira/ HD)

(Maurício Vieira/ HD)

Se para alguns as festas carnavalescas são sinônimo de alegria e diversão, para quem vive ou trabalha em áreas onde há grande número de desfiles a época é de “dor de cabeça”. Moradores e comerciantes da região Centro-Sul de Belo Horizonte, um dos principais redutos de blocos de rua,estão recorrendo à instalação de gradis e tapumes ao redor dos prédios para evitar transtornos e prejuízos no período da folia.

Entre as reclamações, estão sujeira, falta de segurança e danos ao patrimônio privado. De acordo como presidente do Sindicato dos Condomínios Comerciais, Residenciais e Mistos de Minas Gerais (Sindicon MG), Carlos Eduardo Alves de Queiroz, moradores da área central da capital acabam ficando “ilhados” dentro dos apartamentos.

“O Carnaval é muito bom, mas os prédios da área Centro-Sul ficam prejudicados no acesso. As pessoas não conseguem sair de carro, outras colocam tapumes porque, quando tem uma área externa, há quem defeque, urine e jogue de tudo na portaria, mesmo com a disponibilização de banheiros químicos”, conta.

Segundo Carlos Eduardo, o momento ainda se torna oportuno para ação de assaltantes que tentam se aproveitar do movimento para entrar nos edifícios. 

“Os prédios têm que reforçar a segurança porque há pessoas que se aproveitam da aglomeração para entrar nos edifícios para roubar. Tem prédio que está colocando até concertinas para reforçar a segurança durante o Carnaval. Tem gente que tenta ainda enrolar os porteiros para entrar nos prédios, ou aproveitam a entrada e saída de moradores para entrar junto”, lamenta.

Para tentar minimizar os transtornos, muitos síndicos e administradores de prédios comerciais e residenciais recorrem à instalação de gradis e tapumes ao redor da estrutura. É o caso de Rodrigo Bragança, que administra dois prédios comerciais, na Savassi e no Funcionários.

“No Carnaval, por mais que a pessoa queira ir trabalhar, ela não consegue. É um transtorno. A gente coloca um isolamento no passeio porque uma vez não fizemos isso e as pessoas usavam a portaria do prédio para urinar ou até vomitar. Desde 2018, a gente aluga esses gradis por cerca de R$ 650 para evitar isso”.

O acesso à garagem do prédio é um problema sem solução, já que o trânsito fica bloqueado durante a folia. Rodrigo reclama ainda da falta de informações por meio da prefeitura sobre os horários de interdições.

“A garagem fica inutilizada, não tem como. As pessoas preferem nem ir ao prédio. São cerca de 200 pessoas que atuam em um dos edifícios que eu administro e que ficam sem poder ir ao local durante a folia. A prefeitura não avisa sobre as interdições, o que nos resta é tentar olhar a programação no site”.

De acordo com a PBH, os acessos locais dos moradores e comerciantes que estão dentro das áreas de desfile estão preservados, sobretudo em situações de urgência.

Ainda segundo a prefeitura, no dia 8/2, "foi realizada uma reunião virtual da Comissão Regional de Trânsito e Transportes - CRTT, com a comunidade da regional Centro-Sul, em que foram divulgadas as mudanças de trânsito em virtude do Carnaval".

Alta demanda faz gradis sumirem do mercado e cria fila de espera por ‘obstáculos’

A corrida para instalação de gradis nesta época do anos reflete em uma demanda maior do que a oferta do isolamento disponível no mercado. Segundo Helenilda Claudino Aguiar, de 50 anos, dona de uma loja de
aluguel de gradil no Barreiro, todo o estoque de 10 mil peças já foi reservado e cerca de 40 demandas foram recusadas por falta de equipamento.

“Em 2020, cheguei a alugar 8 mil gradis, enquanto esse ano já foram 10mil. Os condomínios procuram muito para cobrir jardins e portarias porque a multidão passa e leva tudo junto, deixando muita sujeira”, afirma.

Desespero

Dono de uma fábrica de gradis na região Norte de BH, Marcos Antonio Pereira, de 39 anos, conta que a empresa já locou 5 mil unidades e a fila de espera é por 2 mil estruturas. “Da fila, 85% é para condomínios. O pessoal está desesperado e não tem mais grades em BH”, disse.

Marcos afirma que a maior parte da demanda está em bairros como Savassi, Funcionários,Lourdes e Castelo. O comerciante comemora o aumento de mais de 150% na demanda em relação à última edição do Carnaval, em 2020 - o que resultou em maior geração de empregos.

“Teve um crescimento de mais de 150%. Eu já penso em fazer no mínimo 10 mil grades até o próximo ano. Antes a gente só fabricava, mas entramos no aluguel por causa da alta demanda. Com isso a gente triplicou o
nosso quadro de funcionários”, conta.

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