O debate sobre a escassez hídrica vai tomar as escolas municipais de Belo Horizonte hoje, Dia Mundial da Água. Redução do consumo e reutilização do recurso em diversas atividades são parte do ensinamento que deverá ser replicado para além dos muros das instituições de ensino com reflexo na casa dos estudantes belo-horizontinos.
“As escolas estão cada vez mais preocupadas em dar exemplos com a criação de projetos socioambientais”, afirma a coordenadora do Núcleo Cidade e Meio Ambiente da Secretaria Municipal de Educação, Adriana Moura.
EcoEscola
Para dar um incentivo a esse tipo de ação, o programa EcoEscola 2017 terá a abertura oficial hoje. Na prática, o programa, criado em 2016, dá visibilidade ao trabalho sustentável feito pelas escolas da cidade e certifica aquelas que conseguem uma economia de, pelo menos, 30% no uso da água.
No ano passado, 81 instituições participaram e 33 delas conseguiram o Selo BH Sustentável devido à redução do uso de água. Neste ano, segundo Adriana, a expectativa é a de que haja um número maior de participantes e, consequentemente, de premiados no fim do ano.
Circuito
Uma escola municipal que tem dado um exemplo de sustentabilidade é a Francisco Magalhães Gomes, na região Norte da capital. Por lá, será inaugurado hoje o Circuito Científico Cultural e Ambiental.
Com aproximadamente 300 metros quadrados, o projeto inclui nascente, lago, criação de peixes, produção de verduras hidro-pônicas, borboletário, viveiro e uma série de atrações montadas pelos professores com o auxílio dos alunos.
“Há dois anos, nós canalizamos a água da mina que temos na escola para utilizar na horta e na limpeza do prédio. Mas agora vamos inaugurar a evolução desse trabalho que é um verdadeiro circuito”, afirma o diretor da unidade, Manoel Pantuzzo. Só no primeiro momento, eles já conseguiram uma economia de 68% da água utilizada entre 2015 e 2016.Cristiano Machado
CULTIVO – Água obtida em mina dentro da escola serve para plantação de hortaliças para a merenda
A evolução que estão inaugurando agora é o sistema de “aquaponia” montado no local. Ou seja, uma estrutura capaz de integrar a criação de peixes com o cultivo de hortaliças, levando à redução do consumo de água.
“Os dejetos dos peixes são retirados do lago com um filtro e usados como adubo nas hortas. Depois a água retorna limpa para o lago”, explica. O circuito inclui ainda plantação de batata suspensa, sem contato com a terra, além de minhocários e criação de uma espécie de moscas também para a criação de adubos naturais.
Para a aluna Beatriz de Souza, de 13 anos, o projeto tem sido sinônimo de aprendizado. “A gente ajudou a fazer tudo. Aprendi muita coisa”, comemora. Gabriel Alves, de 15, concorda: “Nem sabia que existia aquaponia. Estamos aprendendo muita coisa legal”.