(Eugênio Moraes/Hoje em Dia)
A poda de árvores do gênero “fícus” nas avenidas Bernardo Monteiro, no bairro Funcionários, e Barbacena, no Barro Preto, além da praça da Boa Viagem, no Centro, esteve em debate nesta segunda-feira (25), na Comissão de Meio Ambiente e Política Urbana da Câmara Municipal. Ambientalistas criticaram o corte de inúmeros galhos verdes e cobraram uma política de proteção. Já a Prefeitura explicou que poda folhas e galhos, ressacados pela ação mosca-branca-do-fícus, para evitar acidentes. Enquanto aguarda análises da Fiocruz, a Prefeitura estuda a substituição da espécie por uma “vegetação arbórea de grande porte e frondosa”. “Nós já fizemos uma audiência pública no início do problema dos fícus da Bernardo Monteiro e algumas questões ficaram pendentes. Outras caminharam, como o combate à mosca-branca. A Prefeitura criou um comitê, mas ele perdeu força e o problema das árvores e do desflorestamento permanece”, afirmou o vereador Pedro Patrus (PT), que solicitou a audiência pública. A mosca-branca-do-fícus causa grave ressecamento de folhas e galhos. O problema gera risco de queda desses galhos, com a necessidade de podas para evitar acidentes. Segundo a gerente de Gestão Ambiental da Prefeitura, Márcia Mourão Parreira Vital garantiu que o Executivo Municipal está buscando soluções junto a instituições como Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e UFMG. Uma das ações promovidas foi a utilização de óleo de nim e fungo patogênico que, ao prejudicarem o desenvolvimento dos insetos ou levá-los à morte, causou a quase completa extinção das moscas. Porém, a gerente destacou que a degradação das árvores continua ocorrendo – inclusive com morte de espécimes - e a Fiocruz identificou um vírus gerado pela mosca que pode estar relacionado ao problema. A Prefeitura espera uma resposta da Fundação para proceder a novas medidas. Discussão A promotora de justiça do Meio Ambiente, Lilian Marotta Moreira, cobrou a iniciativa da Prefeitura: “Solicitamos à Promotoria Estadual que fizesse análise das ADEs com diretrizes a serem tomadas, e estamos aguardando o resultado. Mas não conseguimos identificar, na Prefeitura, uma política de proteção às arvores e vemos grande número de autorizações para cortes das mesmas”. A representante do Movimento Fica Fícus e professora da UFMG, Myriam Bahia Lopes, criticou a falta de diálogo da Prefeitura com o movimento, afirmando que desde a primeira audiência sobre o tema realizada em abril do ano passado houve um “corte de comunicação”. Ela classificou como “surpresa desagradável” a notícia da proposta de revitalização sem atenção a medidas como adubação e irrigação. Outra integrante do Movimento criticou o abandono não apenas dos fícus, mas da área urbana do entorno. A representante da Prefeitura garantiu que antes do período chuvoso é feita irrigação semanal, e sustentou que o Poder Executivo também realiza adubação periódica, negando abandono da área. Membros do Fica Fícus se mostraram reticentes à ideia da substituição da espécie por outra. A promotora de justiça sugeriu a criação de um plano de arborização da cidade, por meio de comissão específica, com estudo de impactos e participação social. A representante da Prefeitura pretende convocar uma reunião com a sociedade civil em cerca de dez dias, mesmo sem a conclusão do estudo da Fiocruz, para discutir e traçar diretrizes para revitalização das áreas onde se encontram os fícus ameaçados. (*Com Câmara Municipal)