Prefeitura intensifica corte e BH perde uma árvore a cada uma hora

Simon Nascimento
scruz@hojeemdia.com.br
23/10/2018 às 20:12.
Atualizado em 28/10/2021 às 01:23
Em média, 16 árvores somem do mapa por dia em BH. Só em 2022, foram realizadas 25.666 podas e 5.922 supressões em BH  (Hoje em Dia)

Em média, 16 árvores somem do mapa por dia em BH. Só em 2022, foram realizadas 25.666 podas e 5.922 supressões em BH (Hoje em Dia)

Ações para prevenir estragos provocados durante a temporada de chuva resultaram na supressão de 7.203 árvores na capital em 2018. São 24 espécimes que deixam de existir por dia na metrópole, ou seja, uma a cada hora. A região Oeste lidera o ranking com 1.223 cortes, de janeiro a 22 de outubro. 

A administração municipal garante ser feita uma avaliação criteriosa antes de cada retirada. Os principais motivos para o serviço são a idade dos exemplares, altura, enfraquecimento natural, desequilíbrio entre os galhos e a incidência de pragas.

A medida, reforça a PBH, é adotada apenas nas que já estão condenadas, com risco de queda. Apesar do pente-fino, o trabalho divide especialistas e moradores, que temem prejuízos à arborização da cidade.

“A gente compreende que algumas precisam ser cortadas. Mas é um dano irreparável a médio prazo”, afirma o professor Fernando Augusto de Oliveira, do Departamento de Botânica da UFMG. “Uma árvore, após o plantio, demora de 15 a 20 anos para criar raízes consistentes, voltar a sombrear e atrair a fauna”, acrescenta o docente.

Neste ano foram registradas 224 quedas de árvores na cidade, segundo o Centro Integrado de Operações de Belo Horizonte

Podas

Em 2017, a prefeitura executou 15.350 podas. Neste ano, os cortes parciais chegam em 34 mil, um aumento de 126%, também sob a justificativa de eliminar riscos. Outra estatística que cresceu sobre o manejo de árvores na cidade foi a verba investida para o serviço. Em 2018 o investimento dobrou em relação ao ano passado, chegando a R$ 8 milhões. 

 Para Fernando Augusto, algumas podas estariam sendo feitas de forma incorreta. “É possível perceber ao se caminhar pelas ruas, e isso contribui para deteriorar ainda mais a estrutura (da árvore)”. 

Segundo ele, a manutenção correta e o acompanhamento de doenças e pragas ajudariam a preservar as espécimes.

Enquanto o especialista mostra apreensão em relação à eliminação das árvores, alguns moradores veem as medidas com bons olhos. É o caso da aposentada Geralda Espírito Santo, de 70 anos. 

“Em dias de calor a sombra faz falta. Mas, à noite, a escuridão provocada pelos galhos causa medo, pois eles crescem e tampam as lâmpadas dos postes”, disse em referência à rua Diabase, no bairro Prado, na região Oeste, onde várias espécies foram suprimidas.

Conforme a PBH, o serviço visa a garantir a segurança das pessoas. “Antes de 2016 esse assunto não foi levado a sério na capital. Não gostaríamos de suprimir árvores porque sabemos da necessidade delas, mas, do contrário, elas podem matar uma pessoa. Trabalhamos para conter tragédias”, justificou Henrique Castilho, responsável pela Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap).

A Cemig, que também faz trabalhos de podas, foi procurada, mas não se manifestou até o fechamento desta edição.Editoria de Arte

Previsão da meteorologia é de novas tempestades, como a que ocorreu na semana passada, a partir desta quarta-feira

em janeiro do ano que vem

Atualmente, Belo Horizonte tem cerca de 500 mil árvores. Diante da derrubada das mais de 7 mil, a prefeitura planeja o plantio de 2 mil mudas a partir de janeiro de 2019, de acordo com a Sudecap. As áreas contempladas, no entanto, não foram definidas.

“Não será, necessariamente, no mesmo local em que ela foi retirada. Tem uma norma ambiental que devemos seguir para a plantação de novas espécimes”, frisa Henrique Castilho.

Os trabalhos serão coordenados pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMMA), que também é responsável pela manutenção dos exemplares e por combater a atuação de pragas, como o besouro metálico.

Conforme a SMMA, foi feito um contrato de emergência para a poda e supressão daquelas onde os insetos foram identificados. Vistorias foram feitas e as mais suscetíveis (principalmente mungubas e paineiras) são monitoradas. Uma pesquisa para compreender o ciclo do bicho e buscar soluções está em andamento.

Força-tarefa

Os cortes e as podas ficaram mais intensos a partir de abril deste ano, após um acidente na rua São Paulo, em Lourdes, Centro-Sul da capital. Uma árvore de grande porte caiu sobre um transformador, que explodiu destruindo nove carros. Desde então, a administração municipal anunciou uma força-tarefa para eliminar espécimes condenadas.

Inventário

Sobre o inventário das árvores, a Sudecap informou que cerca de 50% dos exemplares já foram mapeados. A conclusão do serviço ainda demanda a resolução de entraves ocorridos durante a licitação com a empresa responsável. A previsão é a de que o processo seja finalizado até o fim de 2019.

Solicitação de serviços

Quem quiser solicitar a supressão, poda ou replantio pode entrar em contato com a prefeitura por meio do site pbh.gov.br/sac, aplicativo PBH App, BH Resolve (rua dos Caetés, 342 – Centro), Central de Atendimento Telefônico (156) ou diretamente nas regionais.

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