(Maurício Vieira)
Como profissional da saúde, Silvia Helena, que é enfermeira da Prefeitura de Betim, diagnosticou facilmente as medidas tomadas pela Santa Casa desde que o novo coronavírus ganhou o status de pandemia mundial pela Organização Mundial de Saúde (OMS) no meio do ano passado: “Na Santa Casa, o setor da nefrologia tem entrada independente. Lá, eles também mudaram completamente a rotina. Antes, tinha uma sala de espera. Hoje, pediram para chegar um pouco mais próximo do horário de início. Passa por sala de lavagem de mão. Enfermeira perguntando se tem sintoma, olha temperatura. Como se fosse um acolhimento”.Maurício VieiraOs pacientes do setor de Nefrologia da Santa Casa de Belo Horizonte precisam comparecer ao local até três vezes por semana para fazer a hemodiálise
Quem explica todos esses cuidados é Gustavo Capanema: “Nós tínhamos uma densidade de pessoas na recepção, com pacientes e acompanhantes. Na nossa recepção, agora, só os pacientes, que na entrada já passam por uma enfermeira que faz a análise preliminar. Se a temperatura estiver em 37,3º já é alerta para a gente e o paciente já recebe destino diferente. Além disso, pergunta sobre sintomas respiratórios. Qualquer coisa, o paciente é direcionado para um consultório onde um médico faz a avaliação. Se médico concordar que é suspeito, faz a diálise numa sala separada. Fica em isolamento e vai ser notificado aos órgãos reguladores e ele será encaminhado para o teste”, explica o médico.
Esperança
Apesar da imunidade baixa como característica, dentro do processo destacado por Capanema de conhecimento através da experiência de outros países, ele revela que o grupo de pacientes renais não tem posição ainda definitiva dentro do grupo de risco, apesar de a grande maioria ser idosa, e ter problemas como diabetes, pressão alta ou doença cardíaca, exatamente o que aparece como fatores de complicação com a contaminação pela Covid-19.
“Havia muita dúvida em relação a pacientes da Nefrologia. Os casos mais avançados são os de quem fez transplante ou faz diálise. Mas há o meio termo e não sabíamos o impacto. Geralmente, nossos pacientes têm os fatores de risco. Mas surpreendentemente, a gente vendo os resultados específicos dessa população, na China, na Europa, não temos visto pacientes desenvolvendo a forma grave da doença. Não há relato de formas graves na diálise. Um comportamento um pouco mais brando. Isso vai de encontro ao estado imunológico de quem faz diálise, pois a chamada tormenta ou tempestade inflamatória é provocada por uma resposta do sistema imunológico. Com eles têm uma debilidade neste sistema, a resposta não é tão rigorosa. Isso tem protegido eles da segunda fase, que é a fase de risco à vida. Eles têm a febre, dor de garganta, mas a falta de ar, que é perigosa, não acontece. No seu lugar vêm os sintomas gastrointestinais”.
Apesar desta leitura, Gustavo Capanema afirma que não se pode relaxar. A rotina precisa ser alterada, os protocolos respeitados: “de uma maneira geral, o profissional que vai para esta área é mais preparado para suportar pressão. Nosso grupo médico está muito atento, disposto, na linha de frente. Temos de tomar os cuidados para que não aconteça a contaminação entre os pacientes”.
Este é um pouco do cenário imposto ao Doutor Gustavo e sua equipe, à enfermeira Silvia Helena, a Ilza e ao pequeno Pedro nesses tempos de pandemia de coronavírus.