'Paciente Zero'

Primeira vítima da intoxicação das cervejas da Backer morreu em 2018; saiba mais

Clara Mariz
@clara_mariz
26/05/2022 às 19:25.
Atualizado em 26/05/2022 às 19:40

A esposa do possível "paciente zero" (primeiro caso) da intoxicação gerada pelas cervejas da Backer prestou depoimento nesta quinta-feira (26), durante o quarto e último dia de julgamento da cervejaria, no Fórum Lafayette, região Centro-Sul de Belo Horizonte. A mulher contou que o marido morreu em 2018, até então por causa indeterminada, dias após tomar cerveja da Backer em um bar no Buritis, região em que teve o maior registro de casos da intoxicação.

No depoimento, a testemunha informou que, em 2020, assim que os casos de pessoas que ingeriram as bebidas, principalmente a cerveja Belorizontina, estavam passando mal, ela procurou os médicos que atenderam o marido e pediu que fossem feitos exames no fragmento do rim dele que estava preservado.

As análises da necrópsia constataram a intoxicação por dietilenoglicol, substância tóxica usada para resfriar tanques de produção de bebidas e que, após as investigações, foi encontradas nas cervejas.

Falência renal
Também nesta quinta (26), outros seis familiares de vítimas apresentaram ao tribunal as sequelas causadas pela contaminação das cervejas da Backer. A segunda testemunha, mãe de uma vítima de 23 anos, afirmou que teme perder o filho a cada nova sessão de hemodiálise, já que "muitos vão para a sessão e não voltam". O jovem faz quatro hemodiálises por semana.

A sexta pessoa a testemunhar no último dia de julgamento, esposa de outra vítima, disse que o marido sofre de neuropatia periférica – dormência e formigamento nas mãos e nos pés –, paralisia cerebral e toma remédios imunossupressores. Ainda conforme a testemunha, a vítima teve que passar por transplante de rim e, felizmente, ela era compatível e pôde ser a doadora.

Julgamento
Este foi o último dia de depoimentos das testemunhas de acusação do Caso Backer. Desde o início dos trabalhos, parentes, vítimas, peritos e representantes do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) foram ouvidos na capital mineira. Conforme o Fórum Lafayette, 23 testemunhas e quatro vítimas prestaram depoimentos.

No total, 11 pessoas foram denunciadas. Três sócios-proprietários da cervejaria respondem pelo crime de envolvimento na adulteração de bebidas alcoólicas, perigo comum e outros do Código de Defesa do Consumidor.

Sete encarregados da fabricação de cerveja foram denunciados por lesão corporal grave e gravíssima, homicídio culposo, além dos crimes imputados aos sócios. Uma pessoa foi denunciada por prestar informações falsas na fase de inquérito policial.

Nenhum dos envolvidos foi acusado de crime doloso, quando há intenção de provocar a morte. Por isso, não haverá  júri popular.

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