(Flávio Tavares)
O relógio marcava 14h dessa sexta-feira (25) quando o promotor de Justiça Walter Morais e demais brigadistas da Cruz Vermelha chegavam à área do rompimento das barragens da Vale no Complexo da Mina de Córrego do Feijão, em Brumadinho, na Grande BH.
Desse momento até a tarde de sábado (26), ele ainda tentava assimilar tudo o que os olhos observaram pela segunda vez em um rompimento de barragens. Walter atua na Promotoria de Tóxicos e também ajudou no salvamento de vítimas do desastre ambiental registrado em Mariana, na região Central do Estado, em novembro de 2015.
“Eu vi vagão de trem retorcido. Casas submersas. Pessoas pedindo socorro sem condições de serem resgatadas”, frisou. Para ele, o estrago causado em Brumadinho será superior, a título de mortes, do que o registrado em Bento Rodrigues.
“O que vivenciamos aqui é algo nunca visto. A probabilidade de sobrevivência é próxima a zero”, lamentou. Colega de Morais, e que também trabalhou na tragédia de Mariana, o diretor de Projetos da Cruz Vermelha, Bernardo Eliazar, também acredita em um alto número de óbitos. Flávio TavaresDiretor de Projetos da Cruz Vermelha, Bernardo Eliazar também acredita em um alto número de óbitos
Apoio
O trabalho na área do rompimento se baseou no apoio aos militares do Corpo de Bombeiros. “O estrago foi muito grande. Foi difícil chegar aos pontos em que algumas vítimas estavam”, detalhou. “O nosso foco agora é dar apoio psicológico e humanitário enquanto as famílias não encontram seus parentes”, afirmou.
Apesar de não ter conseguido salvar nenhuma vítima, o brigadista Tiago Palhares, de 37 anos, conseguiu resgatar três cães que estavam se afogando na lama. Os cães foram encaminhados para ONGs da região.
“Foi uma cena de devastação completa”, disse. Durante a madrugada, Tiago e outros brigadistas se dedicaram nas buscas.
“O que mais me doeu foi ouvir uma mulher pedindo socorro e não poder ajudar. Estava escuro e lama era muito densa, não conseguimos chegar até ela para resgatar”, lamenta.
Buscas
O Corpo de Bombeiros orienta que pessoas sem treinamento não se arrisquem nas áreas de resgate, pois há riscos de soterramento com a lama densa. As áreas de buscas foram isoladas apenas para trabalhos dos militares.