(Lucas Prates)
Nos próximos dias, chega às mãos do prefeito Marcio Lacerda o projeto de lei que prevê a criação de um vagão exclusivo para mulheres no metrô de BH. Aprovada em segundo turno na Câmara Municipal, na quinta-feira, a proposta parece agradar usuárias que reclamam de constantes assédios sexuais de homens no sistema de transporte, principalmente nos horários em que ele está mais cheio. A proposta, porém, é polêmica e divide opiniões entre os usuários do sistema.
Apesar de nunca ter sido alvo de homens maliciosos no metrô, a vendedora Eva Lúcia Machado da Silva, de 25 anos, avalia a proposta como favorável. “Não podemos confiar em ninguém. Muitos homens aproveitam que o vagão está cheio para abusar das mulheres”.
Por sua vez, a estudante Lorraine Ferreira, de 20 anos, conta já ter sido assediada uma vez no metrô. “Eu estava em pé e um homem, aproveitando que o metrô estava muito cheio, se aproximou e passou a mão em mim”. Mesmo considerando a proposta interessante, Lorraine acha que existem outras prioridades na cidade.
Já o consultor comercial Frederico Cangussu, 31 anos, acredita que essa não será a melhor solução para o problema de assédio. “É uma questão mais cultural. Devemos agregar as pessoas e não separá-las”.
A professora Yumi Santos, do Departamento de Sociologia da UFMG, observa que o projeto de lei é uma medida paliativa para evitar assédio sexual em lugares públicos. Porém, para ela, é preciso aprofundar o debate em relação ao machismo e “procurar criar espaços públicos seguros para as mulheres onde quer que seja”.
CBTU é contra
De autoria do vereador Léo Burguês, o projeto de lei que cria o vagão exclusivo tramita na Casa desde 2013. A proposição foi apresentada a partir de um abaixo-assinado com mais de 12 mil assinaturas de usuárias do modal. Pela proposta, os demais vagões continuariam de uso misto.
Por meio de nota, o superintendente da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) em BH, Miguel Marques, Miguel Marques, afirmou que o órgão é contra a criação de vagão exclusivo destinado ao público feminino. “Relatórios técnicos comprovam que a destinação de vagões para esta finalidade provocaria um desequilíbrio na distribuição de passageiros, impactando na operação diária e comprometendo os indicadores de qualidade”, disse no texto.