Projetos de revitalização no Centro de BH se perderam no tempo

Alessandra Mendes e Raquel Ramos - Hoje em Dia
23/07/2014 às 07:50.
Atualizado em 18/11/2021 às 03:29
 (Ricardo Bastos)

(Ricardo Bastos)

Há anos, e após várias administrações municipais, a degradação da área central de Belo Horizonte é um problema que ainda afeta comerciantes e moradores. Alguns projetos de revitalização já foram propostos, mas acabaram se perdendo no meio do caminho. As melhorias em ruas e praças se mostraram pontuais e, de acordo com especialistas, faltou acompanhamento para que velhos gargalos não voltassem à tona.

“Cada liderança estabelece as prioridades para o mandato. No entanto, algumas iniciativas não chegam a ser consolidadas em apenas um (mandato)”, afirma Flávio Carsalade, professor de Arquitetura e Urbanismo da UFMG.
Além do prejuízo estético para a cidade – que não sente melhorias urbanas efetivas –, há perdas financeiras pelos recursos investidos em projetos que não tiveram continuidade.

Pode não parecer, mas, em 2003, a Praça Sete foi reformada, ganhando quatro quarteirões fechados projetados por arquitetos com áreas livres para pedestres. Sem a devida manutenção, o espaço acabou ficando degradado novamente. Enredo que está sendo revivido pela Praça Raul Soares, que voltou a ser alvo de reclamação de frequentadores.
“Se não houver o devido acompanhamento da prefeitura, com o passar dos anos a situação vai voltar a ser a mesma. Esse trabalho deve ser feito de forma constante e não esporádico”, avalia o presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH), Bruno Falci.

O Eixo Cultural Rua da Bahia Viva, criado em 1998, é exemplo de um esforço que acabou se perdendo com o passar do tempo. Criado com o intuito de preservar, revitalizar, reabilitar e divulgar a memória e o patrimônio cultural, artístico, histórico da via, o projeto acabou servindo de base para a criação de uma Área de Diretrizes Especiais (ADE) em 2010, que também não saiu do papel.

Além de projetos voltados para vias e equipamentos públicos, há ainda uma tentativa de valorização dos prédios abandonados na região central. Elaborado pela prefeitura em 2007, o Projeto Centro Vivo identificou 14 espaços no Centro de BH que poderiam ser transformados em habitações. Até o fim do ano passado, apenas quatro locais foram revitalizados.

“É um espaço de convívio de toda a cidade, não só dos 18 mil moradores da área. Por isso, é muito importante ser valorizado, mas isso não acontece porque o poder público não vê dessa forma”, alega o presidente da Associação de Moradores e Amigos da Região Central (Amarc), Vítor Diniz.

Apesar das reclamações de várias entidades, a prefeitura afirma que a região Central passa hoje por um processo de reversão da degradação. “A área está se tornando de interesse de todos. A própria inserção do poder público, com a construção do Centro Administrativo, é a prova de que isso esta mudando”, diz o secretário adjunto de Planejamento Urbano, Leonardo Castro. Outras melhorias para a região estão sendo discutidas na Conferência de Políticas Públicas, que termina no dia 2 de agosto.
 

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