(Pedro Gontijo)
A conclusão das obras de ampliação do viaduto Leste deve dar mais fluidez ao trânsito no Complexo da Lagoinha, no Centro da capital, a partir do fim de março. Segundo estimativas da BHTrans, a capacidade de circulação no local se tornará 60% maior.
Na prática, o fluxo de veículos que chega ao hipercentro pelas avenidas Cristiano Machado e Antônio Carlos será redistribuído com o alargamento do elevado, sendo que a prioridade é o transporte público.
Quatro novas faixas irão se dividir em duas pistas. Uma delas ligará o trânsito à avenida do Contorno, na altura com rua Rio de Janeiro, e será destinada aos veículos em geral, com passagem pela Praça da Estação.
A outra contará com faixa exclusiva para ônibus desde a saída do túnel até o início da rua São Paulo. Dessa forma, o Move poderá chegar ao hipercentro sem a necessidade de passar por trechos com trânsito misto, como acontece atualmente.
Reflexo
A expectativa da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) é melhorar o serviço prestado pelo transporte público no Centro da cidade, sobretudo em avenidas como Santos Dumont, Amazonas e Paraná, além de trechos da rua da Bahia; locais onde se concentra o maior número de passageiros.
“Além disso, no sentido contrário, a pista que liga a avenida dos Andradas ao túnel e à Antônio Carlos vai ganhar uma faixa a mais”, explica José Carlos Ladeira, diretor de sistema viário da BHTrans.
Estrutura
A ampliação do viaduto Leste foi iniciada em 2015 e, desde então, teve a entrega adiada algumas vezes. Com recursos do PAC Mobilidade, a obra custou aos cofres públicos quase R$ 62 milhões.
O diretor de obras da Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap), Adriano Morato, afirma que, em termos de estrutura, os trabalhos já estão concluídos.
De acordo com Morato, o que falta ser feito é o recapeamento do asfalto, de responsabilidade da Sudecap, e as sinalizações vertical e horizontal, que cabem à BHTrans, mas dependem da conclusão da primeira etapa.
“Estamos esperando o fim das chuvas e devemos entrar com o recapeamento após 12 de março. Isso demanda cerca de 15 dias, portanto, no fim desse mês, a obra deve ser concluída, conforme prevê o cronograma”, estima.
Mobilidade
As melhorias no Complexo da Lagoinha vão ser percebidas pelo motorista que transita pelo Centro, mas estão longe de resolver os problemas de trânsito na região. A avaliação é do especialista em transporte e professor da Universidade Fumec, Márcio Aguiar.
Ele observa que, sem um modelo de transporte que leve em consideração outros modais além dos ônibus, dificilmente a mobilidade no Centro de Belo Horizonte será melhorada.
“Precisamos pensar em metrô ou monotrilho, por exemplo, assim como acontece em outros Estados. Essa ampliação do viaduto é apenas um paliativo”, afirma.
Aguiar ressalta que todas as cidades do mundo que se tornaram modelos de organização urbana priorizaram projetos de transportes sobre trilhos.
“Londres tem o maior sistema de metrô do mundo e vai inaugurar, agora, mais 100 quilômetros de trilhos. Isso significa entender a dinâmica de crescimento das cidades”, garante o especialista.
Hoje, todo Complexo da Lagoinha recebe um fluxo aproximado de 80 mil veículos por dia. Além disso, por meio das avenidas Cristiano Machado e Antônio Carlos, 260 mil carros chegam ao Centro de Belo Horizonte, diariamente, segundo dados da BHTrans.Editoria de Arte / N/A