Lorenza foi encontrada morta em 2 de abril de 2021, no apartamento em que morava com o marido, o então promotor André Luiz Garcia de Pinho (Divuligação/MPMG)
Está prevista para acontecer na manhã desta segunda-feira (8) a audiência de instrução e julgamento do promotor André Luís Garcia de Pinho, de 52 anos. Ele vai ao banco dos réus como principal suspeito de matar a esposa Lorenza Maria Silva de Pinho, de 41 anos.
Segundo a denúncia, o crime aconteceu em abril de 2021, no apartamento no bairro Buritis, região Oeste de Belo Horizonte, onde o casal vivia com os cinco filhos.
Pinho está preso desde agosto do ano passado e teve a detenção mantida em maio deste ano, após entrar com um pedido de habeas corpus, que foi negado por unanimidade pelos desembargadores do Tribunal de Justiça de Minas Gerais.
Na audiência nesta segunda, o juiz vai se reunir com as partes, advogados e testemunhas, para a produção de provas ligadas ao caso.
Para o aviador aposentado Marco Aurélio Silva, pai de Lorenza Pinho, “a expectativa de toda a família é que a justiça seja feita. Acreditamos que amanhã seja o início do fim deste monstro e esperamos que ele pegue a pena máxima de 30 anos.”
Por ainda não ter sido julgado, o promotor está preso de forma preventiva. De acordo com a legislação, nesses casos, a análise da decisão deve ser feita a cada 90 dias. Agora, cabe à Justiça seguir com a instrução criminal, em que as provas são colhidas pela investigação.
O pai de Lorenza também criticou a tentativa do promotor de sair da prisão. “O André fez tudo o que podia para atrasar o processo. Foram diversas tentativas de pedido de habeas corpus. Acreditamos que agora finalmente este pesadelo comece a ter um fim.”
“São mais de 16 meses sem minha filha e a nossa tristeza é imensa. Condenar o André não vai fazer minha filha voltar, mas vai assegurar que a justiça seja feita”, diz Marco.
A reportagem do Hoje em Dia tentou entrar em contato com a defesa do promotor, mas não obteve retorno.
Relembre o caso
Lorenza Maria Silva de Pinho foi encontrada morta em 2 de abril de 2021, no apartamento em que morava com o marido, o então promotor André Luiz Garcia de Pinho, no Buritis. Após 11 dias no Instituto Médico Legal (IML), o corpo foi liberado e enterrado em Barbacena, onde Lorenza nasceu.
Além de Lorenza e André, também moravam no imóvel os cinco filhos do casal – na época com 2, 6, 10, 15 e 16 anos.
O atestado de óbito preliminar assinado por dois médicos apontou que a vítima teria engasgado com um remédio. Porém, a família dela suspeitou da causa da morte que constava no documento.
Após investigações, André Luiz foi denunciado à Justiça por feminicídio. Conforme o Ministério Público, o promotor teria intoxicado e asfixiado a esposa na noite em que ela morreu.
Ele é suspeito de aplicar adesivos de analgésicos em quantidade superior à dose prescrita nas costas da esposa e, ainda, ter dado a ela duas garrafas de bebida alcoólica.
Durante a perícia, constatou-se que no sangue da vítima havia substâncias como Zolpidem, Mirtazapina, Quetiapina, Buprenorfina e Clonazepam. O laudo do IML também apontou que Lorenza foi asfixiada e tinha lesões na região cervical, próximo ao pescoço.