Puro sangue - “IARA” pode ser considerado o “trabalho debute” de Iara Rennó

Cinthya Oliveira - Hoje em Dia
26/12/2013 às 07:56.
Atualizado em 20/11/2021 às 15:00
 (Helô Duran/Divulgação)

(Helô Duran/Divulgação)

Há muito tempo, Iara Rennó é apontada pela crítica como um destaque da cena musical contemporânea paulista. Mas faltava ainda, em sua discografia, um trabalho “para chamar de seu” – questão resolvida agora com o álbum “IARA”, lançado pelo selo Joia Moderna.

Anteriormente, ela havia feito dois trabalhos com o grupo Dona Zica – “Composição” (2003) e “Filme Brasileiro” (2005) –, o disco-conceito “Macunaíma Ópera Tupi” (2008) – que dois anos mais tarde se desdobraria no espetáculo “Macunaíma no Oficina”, do Teatro Oficina, de Zé Celso Martinez Corrêa – e o álbum “A.B.R.A. Pré-ca”, projeto paralelo com Rubinho Jacobina, Do Amor e Cibelle (2012).

“De alguma maneira, ‘IARA’ é o meu debute, como está sendo chamado. O ‘Macunaíma’ eu assino solo, mas é um disco com a força grande da obra de Mário de Andrade e tem 60 participações”, diz a filha da cantora Alzira Espíndola e do escritor e letrista Carlos Rennó. “Sentia que eu ficava meio deslocada em relação a outras cantoras. Faltava um disco que me apresentasse como cantora e compositora”.

Urbano

Produzido por seu grande amigo Moreno Veloso, o álbum traz 11 faixas autorais desenvolvidas em diferentes épocas e uma bela regravação de “Roendo as Unhas”, de Paulinho da Viola. A sonoridade é urbana, experimental, com uma formação diferente: guitarra, bateria e piano. “Não faço um disco para sair do padrão. Ele nasceu da minha necessidade de me expressar, de fazer música. Quero, na verdade, surpreender a mim mesma. Por isso ‘IARA’ é tão diferente de ‘Macunaíma’”, afirma.
A convivência com artistas da Vanguarda Paulista em seus 36 anos de vida (entre 1998 e 2001, ela integrou a banda de Itamar Assumpção) a ajudou a ter uma inquietação artística, levada para a música e o teatro. “Com minha mãe, aprendi muito. Ela compõe demais! Com meu pai, aprendi a ‘lavourar’ a palavra, a ser detalhista com o ato de escrever. Tanto que acho mais fácil fazer música do que letra”.

Duo dinamarquês Wazzabi faz disco de música brasileira
 

Criado em Nova York, o duo dinamarquês Wazzabi, formado pelo guitarrista Thor Madsen e pelo baterista Anders Hentze, encontrou terreno fértil para uma música instigante no Brasil.

A convite da gravadora YB Music, gravaram o álbum “Na Farofa”, cheio de participações bem especiais – estão nos créditos de vozes e letras Leo Cavalcanti, Rodrigo Campos, Vitor Trindade, Ava Rocha e Iara Rennó, que participa em duas músicas, sendo uma delas (“Seu José”) integrada ao seu álbum “IARA” (leia capa).
O título não poderia ser melhor. A mistura entre a linguagem do rock/jazz contemporâneo de europeus que passaram por Nova York com a música brasileira resulta em uma sonoridade difícil de ser classificada.

A música brasileira já fazia parte do duo há alguns anos. Tanto que o primeiro EP do Wazzabi, “Bigger Form”, já contava com a participação do cantor e compositor Carlos Zimbher, que depois apresentaria os dinamarqueses a vários músicos brasileiros.

“A inspiração inicial do disco é Tom Zé, um músico perfeito”, conta Anders Hentze, que é casado com uma brasileira e mora na capital do país desde o ano passado. Tom Zé não pôde participar do projeto, mas serviu de referência para a criação livre de rótulos de “Na Farofa”.

“Em Nova York, a música brasileira é vista como exótica. Aqui, o que é visto como exótico, considero como normal. Isso gera um diálogo muito interessante, sobre quem somos musicalmente, sobre a forma que podemos contribuir para uma riqueza cultural que é realmente incrível”, afirma Hentze, em ótimo português.

Como ele mesmo reconhece, sua música é encarada como diferente por aqui. A construção das músicas segue caminhos que fogem um pouco do que estamos acostumados a ouvir. “O universo harmônico é diferente. Em várias músicas fazemos climas e harmonias que não costumam ser normais no Brasil. Também misturamos canção com o instrumental, fazemos algumas músicas grandes, algo não comum aqui”, afirma o baterista, lembrando que o Wazzabi faz turnê pelo Brasil em abril e pela Europa durante julho e agosto.

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