(Reprodução)
A quadrilha que foi presa durante operação contra a venda de vagas nos cursos de Medicina em faculdades particulares de Minas Gerais e do Rio de Janeiro cobrava entre R$ 30 mil a R$ 140 mil por cada comercialização ilegal. Vinte e um integrantes do grupo, que chegou a lucrar pelo menos R$ 3 milhões, foram presos nesta terça-feira (3), durante a ação, feita pela Polícia Civil e intitulada de "Hemostase". O nome foi dado em alusão ao procedimento médico para conter hemorragias. Segundo as investigações, a quantia cobrada por cada vaga variava de acordo com a modalidade da fraude utilizada. O método podia ser aplicado por meio de telefone celular, ponto eletrônico, vaga direta, terceiros que faziam a prova no lugar do candidato ou pela falsificação de históricos escolares. Entre os detidos estão o funcionário público aposentado Quintino Ribeiro Neto, de 63 anos, e Maria Aparecida Calazani, de 37. O casal é apontado como responsável pela coordenação do grupo. Com a quadrilha, foram apreendidos cerca de R$ 500 mil em dinheiro, sendo U$ 25 mil, celulares, documentos, pontos eletrônicos, cartuchos de uso restrito e um veículo de passeio. A operação foi iniciada há oito meses pela Delegacia Regional de Caratinga, no Vale do Aço. A sede da comarca judicial expediu 21 mandados de prisão e outros 32 de busca e apreensão. Uma equipe de 180 policiais se dividiu entre 17 cidades de Minas e do Rio de Janeiro, utilizando 38 viaturas e um helicóptero. “As prisões e apreensões fecham uma etapa importante da investigação, mas o trabalho não termina aqui. Pelo contrário, vamos aprofundar os levantamentos a fim de solidificar ainda mais a nossa convicção de que desvendamos um esquema criminoso altamente rentável e que permitia a entrada de profissionais despreparados no mercado da Medicina”, disse o superintendente de Investigações e Polícia Judiciária, delegado Jeferson Botelho, que supervisionou a ação. Prisões Além dos líderes, foram detidos José Cláudio de Oliveira, de 41 anos, incumbido de angariar candidatos; Rômulo de Abreu Neto, de 56, fazendeiro e um dos contatos para a modalidade direta da fraude; Mirela de Souza Faria, de 33 anos, e Samyra Sarah Marques, de 26, ambas que, após terem ingressado na faculdade de Medicina, passaram a conseguir clientes para a quadrilha. Os policiais prenderam ainda Talytta Cristine da Silva, de 26 anos, e Spencer Almeida de Oliveira, de 22, candidatos que exerciam a função de intermediadores. O estudante de Medicina e fisioterapeuta Azenclever Eduardo Rogério, de 39 anos, e a médica Micheline Vieira Ribeiro também tiveram seus mandados de prisão cumpridos, assim como os integrantes Eduardo Carlos Pereira, Michela Vieira Ribeiro Pereira, Shirlene Teixeira Reis Vieira e Lorena Rocha Marques, de 22 anos. Também foram presos, mas no Rio de Janeiro, o estudante de Medicina Marcelo Alves Vasconcelos, de 25 anos, Sergiane Rodrigues Calazani, de 32, Antônio Camillo de Souza Neto, de 39, Gláucia Adriana de Carvalho Peixoto, de 44, a dentista Evanelle Franciane de Souza, Nathalie Franco Savino, de 30, e Jorge Rodrigues de Oliveira, policial reformado do Rio, de 60 anos. As instituições envolvidas como vítimas são a Unipac de Juiz de Fora, PUC e Faminas de Belo Horizonte, Unec de Caratinga, UI de Itaúna, Unig de Itaperuna e Nova Iguaçu (RJ), Unifeso de Teresópolis (RJ), FMP de Petrópolis (RJ), Univaço de Ipatinga e Funjob de Barbacena. Elas serão investigadas na modalidade da venda direta. Penalidades Os presos por envolvimento no esquema poderão responder por crimes como associação criminosa, fraude de certames de interesse público, estelionato, falsificação de documentos públicos e de documentos particulares, falsidade ideológica, falsa identidade e lavagem de dinheiro. (*Com informações da assessoria da PC)