Imunizante é eficaz contra a prevenção do câncer de colo de útero, também conhecido como câncer cervical
(Marcus Ferreira / Divulgação Agência Minas)
Quase a metade dos adolescentes brasileiros não conhecem a vacina contra o vírus do papiloma humano (HPV), eficaz contra a prevenção do câncer de colo de útero - também conhecido como câncer cervical. Os dados constam em um estudo realizado por pesquisadores da Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
De acordo com o levantamento, 45,54% dos adolescentes desconhecem a vacina. Os maiores índices de desconhecimento estão entre os do sexo masculino (52,71%), com idade de 16 a 17 anos (49,7%), que não têm acesso a internet em casa (55,18%), que já tiveram relações sexuais (52,21%), não receberam orientações sobre contraceptivos na escola (49,27%), não visitaram um profissional de saúde nos últimos 12 meses (48,08%) e que estavam matriculados em escolas públicas (49,7%), sendo a maioria dessas escolas localizadas na região Nordeste (51,96%).
O estudo transversal, publicado recentemente na revista internacional Public Health Nursing, utilizou dados do principal inquérito nacional realizado com adolescentes: a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE) de 2019 e contou com a participação de 17.805 adolescentes brasileiros, entre 13 e 17 anos de idade, de escolas públicas e privadas.
A coordenadora da pesquisa, professora Tércia Moreira Ribeiro da Silva, destaca que a vacina contra o HPV é o principal pilar da Estratégia Global para acelerar a eliminação do Câncer Cervical, lançada em agosto de 2020 pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
“No Brasil, a vacina quadrivalente contra o HPV foi incorporada ao calendário de vacinação pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI), em 2014, apesar disso, a meta estabelecida de 80% na cobertura vacinal nunca foi atingida. Em 2022, a cobertura vacinal contra o HPV foi de 75,81% para meninas e 52,16% para meninos dentro da faixa etária recomendada”.
Além disso, o estudo avaliou o desconhecimento da vacinação contra o HPV e a sua relação com os estilos de vida, gênero e idade, redes sociais e comunitárias e se as condições socioeconômicas, culturais e ambientais influenciam na saúde e as condições de vida da população.
A explicação apontada pelo estudo para o maior nível de desconhecimento entre os meninos, foi a disseminação da vacina como estratégia para prevenir o câncer cervical, que afeta predominantemente a população feminina. Nos índices da região Nordeste. Maranhão, Piauí e Pernambuco foram os estados que mais apontaram desconhecimento.
A professora Tércia ressalta que a identificação das áreas com maior ocorrência do desconhecimento sobre a vacina contra o HPV por parte da população adolescente pode contribuir para o direcionamento de políticas públicas, ações e estratégias de promoção da saúde e prevenção de doenças imunopreveníveis.
Além da professora Tércia, o estudo é de autoria das docentes da Deborah Carvalho Malta, Ana Carolina Micheletti Gomide Nogueira de Sá, Rafaela Siqueira Costa Schreck e Suelen Rosa de Oliveira, do aluno de mestrado Elton Junio Sady Prates e da estudante de graduação em Enfermagem Barbara Aguiar Carrato.