(Divulgação / ALMG)
Quase metade dos ataques a escolas registrados no Brasil ocorreram nos últimos oito meses. Entre 2002 e 2023, foram registrados 27 atentados. Deste quantitativo, 13 ocorreram entre o ano passado e este ano - quase metade do total.
O dado preocupante foi relatado pela promotora da Defesa da Educação do Ministério Público de Minas Gerais, Ana Carolina Zambon Pinto Coelho, em audiência pública nesta segunda-feira (17), na Assembleia Legislativa (ALMG), para discutir políticas públicas de prevenção, repressão, investigação e reparação de atos de violência no ambiente escolar.
Na avaliação da promotora o número evidencia o crescente problema da radicalização no país. “Importamos, por mimetismo, esse tipo de ação da cultura americana. Isso não era algo que fazia parte da nossa rotina”, observou a promotora.
Na audiência, a representante do Ministério Público disse que, no Brasil, a idade dos autores dos ataques era entre 10 e 25 anos. Para ela, uma das causas desse fenômeno é a radicalização dos jovens, que frequentam fóruns de discussão na internet. As redes sociais funcionariam como ambientes de escuta e reverberação para o ressentimento de jovens vítimas de bullying, que encontrariam no ambiente digital um espaço de acolhimento que incentiva a violência.
Prevenção
Na opinião da promotora, é preciso investir em programas de mediação de conflitos e de prevenção do bullying, além de garantir que os pais acompanhem a vida escolar de seus filhos. "Estamos vivendo numa sociedade que tem a violência como modelo e isso entra na escola. “Precisamos construir uma cultura de paz nas escolas”, contou.
A promotora avalia que o problema é complexo e a solução será um desafio, que irá envolver políticas públicas de educação, saúde, segurança pública e assistência social. Para a promotora, o foco na segurança pública não será suficiente para conter o problema.
Denúncia
Na audiência autoridades destacaram que mensagens com ameaças de ataques a escolas não devem ser compartilhadas nas redes sociais. Segundo a ALMG, a circulação de informações e imagens sobre o assunto pode levar a um efeito de contágio e estimular novos atos, além de incitar o medo das famílias.
Essas mensagens, no entanto, precisam ser monitoradas e ter a veracidade checada. O governo federal criou um canal para acolher esse tipo de denúncia. Elas podem ser feitas neste site, de forma anônima e são mantidas sob sigilo.