TRAGÉDIA

Queda de avião traz à tona antigas reclamações dos moradores: 'medo, angústia e muito barulho'

Raíssa Olivieira
raoliveira@hojeemdia.com.br
13/03/2023 às 12:13.
Atualizado em 13/03/2023 às 13:11
 (Moradora do bairro Jardim Montanhês há 18 anos, Luzia Barcelos reclama de barulho e insegurança.)

(Moradora do bairro Jardim Montanhês há 18 anos, Luzia Barcelos reclama de barulho e insegurança.)

A queda de um avião de pequeno porte sobre duas casas no bairro Jardim Montanhês, na região Noroeste de Belo Horizonte, traz à tona a insegurança dos moradores que vivem nas proximidades do Aeroporto Carlos Prates. Além do medo e da angústia, o barulho é uma reclamação constante no cotidiano das pessoas. 

A aposentada  Luzia Barcelos, de 58 anos, moradora do bairro há 18, reclama da sensação de insegurança.

"Tem voos de treinamento intensos. Já ficamos três horas com mais de uma aeronave fazendo treinamento. O barulho é intermitente. Aqui no Jardim Montanhês o barulho é maior que no aeroporto. Os aviões passam muito próximo, temos posto de saúde e escolas que funcionam neste horário. Isso tudo gera um impacto grande".

 Ela conta que o acidente do último sábado deixou os vizinhos ainda mais assutados. "O medo é constante. Sempre ocorreram acidentes. Com mortes foram dois. A gente fica muito assustado, é uma tragédia. Ficamos angustiados porque a população e o governo já estão sabendo dos problemas, mas as prorrogações da desapropriação só aumentam nossa angustia", lamenta. 

Moradora do bairro há mais de 30 anos, Neuza de Fátima Gonçalves, de 68 anos, é dona de uma das casas atingidas pela aeronave que caiu no sábado (13). Ela conta os momentos de terror vividos.

"Eu tive um livramento. Estava em casa almoçando quando escutei o estrondo e o pessoal começou a gritar que o 'avião caiu'. Corri para a porta e vi uma nuvem de poeira, quando saí no portão estava todo mundo olhando para minha casa. Eu olhei para aquela aeronave, eu chorei tanto e agradece pelo livramento", se emociona. 

Neuza agora lamenta pelo prejuízo, o qual ela disse não ter condições de arcar, e o medo gerado pela tragédia. "Eu não tenho condições de arcar. Eu acredito que os responsáveis vão me ligar para arcar, porque eu sou uma pessoa muito humilde, simples e muito temente a Deus. Então eu creio. Eu não tinha medo, mas agora tenho", disse.  

(Neuza Fátima, de 68 anos, é moradora de uma das casas atingidas pela aeronave que caiu no última sábado (11).)

(Neuza Fátima, de 68 anos, é moradora de uma das casas atingidas pela aeronave que caiu no última sábado (11).)

Desativação adiada

Promessa do governo desde 2020, após um acidente aéreo deixar quatro pessoas mortas nos arredores em 2019, a desativação do Aeroporto Carlos Prates já foi adiada sucessivas vezes. A primeria data, foi estimada pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) por meio de uma portaria para o final de 2021, mas a determinação foi adiada e, desde então, já ganhou três novas datas.

A nova previsão é que o aeroporto seja desapropriado no próximo dia 1° abril. 

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