Desde que o crime envolvendo o goleiro Bruno e a morte de Eliza Samudio veio à tona, muitos personagens se envolveram no caso. Talvez nenhum deles conheça mais a fundo toda a história, além do próprio goleiro, do que o advogado dele. Trata-se de Lúcio Adolfo da Silva, de 56 anos, que foi chamado para assumir o caso durante o julgamento do goleiro, em novembro de 2012, que acabou sendo adiado para março desse ano.
Em apenas quatro meses, ele estudou exaustivamente todas as mais de 18 mil páginas do processo. Durante a análise, o defensor encontrou diversas situações que estariam em desacordo com a lei. “Eu contratei um expert em computadores, o Anderson Coutinho, e ele descobriu 700 páginas faltantes no processo”, conta Lúcio. “Vi problemas na escolha dos jurados, na emissão do atestado de óbito, na existência de outro processo correndo em paralelo ao caso e outros”, diz.
Para não deixar que tudo isso seja esquecido, ele resolveu escrever um livro. “Caso Bruno, o processo”, com cerca de 300 páginas, chega às livrarias no próximo mês e, com linguagem acessível, promete alcançar leitores para além do mundo jurídico. “Trata-se de uma história sórdida. Esse processo é o maior conjunto de absurdos jurídicos que já vi ao longo da minha carreira”, afirma o advogado, que já lançou 14 livros, nove deles na área jurídica.
Um dos pontos mais questionados no livro é a escolha da cidade de Contagem para sediar o julgamento. “Pela lei, o caso fica na comarca cujo juízo se manifestar primeiro. Isso deveria ser em Ribeirão das Neves, onde a criança foi encontrada e para onde deveria ser levada. Mas isso não aconteceu porque o Bruno é conhecido e respeitado por lá. Então, levaram para Contagem”, argumenta Lúcio Adolfo. “Ainda houve uma disputa de juízo pelo caso entre Minas Gerais e Rio de Janeiro”.