(Acervo da Pesquisa/Divulgação)
Mudanças climáticas podem provocar a extinção de quase 40% das plantas terrestres – embriófitas – existentes no mundo. O alerta consta em artigo publicado na revista científica Science Advances. Feito ao longo de dez anos por um grupo de 33 pesquisadores internacionais, o estudo tem a participação de especialistas da UFMG.Acervo da Pesquisa/DivulgaçãoPlantas da Floresta Nacional de Caxiuanã, no Pará, foram analisadas pela equipe da UFMG; professor Danilo Neves afirma que pesquisa surpreendeu
As descobertas chegam em meio à realização da Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas (ONU), batizada de COP25, na Espanha. Os encontros vão até o dia 13.
Os envolvidos na pesquisa acreditam ser esse um momento oportuno para debater o tema. Pelos resultados obtidos, regiões com muitas espécies raras são as que mais sofrem com as ações humanas, como desmatamento, e irão sentir fortemente os impactos das mudanças climáticas. “Pode levar a uma perda de diversidade biológica sem precedentes”, observa Danilo Neves, professor do Departamento de Botânica da Federal mineira que, junto ao docente Ary Teixeira de Oliveira Filho, também da unidade, participou do grupo de estudos.
Os especialistas acreditam que o maior impacto será no Sudeste asiático e nos Andes do Sul.
Desafios
Porém, para a preservação das plantas ameaçadas, é preciso superar desafios. O primeiro, destacam os cientistas, é aprimorar técnicas de proteção das áreas com alta concentração de flora rara. No país, conforme Danilo Neves, é o caso da mata atlântica e do cerrado.
Também é necessário mais conhecimento sobre locais mais remotos, como a Amazônia. “O Brasil ainda é uma grande lacuna de informação biológica, principalmente em áreas de difícil acesso. Para propor estratégias de conservação que as englobem, é essencial mais investimento em pesquisa para encontrá-las”.
Conferência na Espanha
A expectativa é a de que 29 mil pessoas participem da COP25. A conferência começou na última segunda-feira com a reunião de líderes de mais de 30 países. Os participantes se comprometeram a agir nos termos do Acordo de Paris, que deverá ser implementado no ano que vem visando a combater o aquecimento global.
O documento foi aprovado por 195 nações, em 2015. Barrar um aumento de mais do que 2 graus Celsius na temperatura média mundial é o objetivo. Mês passado, os EUA anunciaram que não integram mais o acordo.
Conforme o secretário-geral da ONU, António Guterres, as mudanças climáticas não são mais um problema de longo prazo. Porém, para ele, os esforços para interromper as alterações do clima têm sido absolutamente inadequados, e o que ainda falta é vontade política.